MERCADOS FINANCEIROS

Praça do Comércio

A notícia mais importante da semana: possível acordo entre UE os EUA?

A União Europeia está cada vez mais próxima de um “acordo político” para resolver a questão das tarifas com os Estados Unidos da América. O prazo de Donald Trump é dia 9 de julho, data onde entrarão em vigor tarifas de 50% sobre produtos europeus, caso não seja alcançado um acordo. Até lá, os primeiros rascunhos de um acordo já começam a ser sondados pelos países da nossa União.

Graças às vantagens de não ter de encontrar um consenso numa desunião, o Vietname já chegou a um acordo com os EUA.

Época de Transferências na Inteligência Artificial (IA): as gigantes tecnológicas estão à caça dos melhores engenheiros informáticos para a derradeira corrida à supremacia da IA.

Primeiro roubam os nossos dados e agora roubam os melhores engenheiros… A Meta, dona do Facebook, oferece 100 milhões de dólares por ano (em compensações) aos melhores engenheiros informáticos na área da IA. São quantias dignas de jogadores de futebol - que o diga o Gyökeres - e não há mãos a medir: a recém-nascida startup de Mira Murati, antiga CTO da OpenAI, oferece 500 mil dólares ao ano (a empresa ainda nem tem produto).

Com estas quantias ridículas, não admira que a startup de IA de Elon Musk precise de levantar mais de 10 mil milhões de dólares. Mas sobra a questão: se a inteligência artificial é assim tão boa, porque pagar 1 milhão ao ano por Inteligência humana?

Despedido e talvez Deportado? E por falar em Elon Musk, o mais famoso imigrante nos EUA voltou a irritar Donald Trump que já ameaça com a deportação.

Tudo porque a famosa big beautiful bill de Donald Trump foi aprovada contra a vontade de Musk. Se a deportação não assustar Musk, a DOGE atacar os subsídios federais que as suas empresas recebem pode ser bem mais fatal.

INOVAÇÃO

A corrida quântica

Enquanto o mundo anda distraído com a Inteligência Artificial, há outra tecnologia que promete revolucionar o mundo. Estará a Europa preparada para competir no mundo quântico?

Se não estás a sentir-te com pé nas águas do mundo quântico, estás longe de estar sozinho. Apesar da tecnologia quântica estar na agenda da União Europeia, a maioria dos europeus ainda não sabe o que é ao certo. Uma sondagem recente mostra que, embora muitos tenham ouvido falar de quântica, poucos a compreendem.

Computação quanti-quê?

Explicar a física quântica é, em si, um desafio para o qual o nosso estagiário (que passou à rasca no exame nacional de matemática A) não está preparado. O bom é que, por agora, apenas precisas compreender um conceito: a superposição.

Provavelmente já ouviste falar da expressão “o Gato de Schrodinger”, uma experiência teórica que é muito comum para explicar estes estranhos conceitos. Na física quântica, coisas como átomos e outras partículas não seguem as mesmas regras da física clássica – estas podem existir em dois ou mais estados ao mesmo tempo. Imagina que atiravas uma moeda ao ar, e o resultado existia ao mesmo tempo como “cara” ou “coroa” – a moeda estaria numa superposição. Só quando observas a moeda, é que ela “escolhe” um dos lados. Claro que isto não funciona com moedas, mas apenas com partículas microscópicas.

A computação quântica aproveita este conceito de superposição e aplica-o aos elementos fundamentais dos computadores – os bits. Enquanto um bit apenas está ligado (estado 1) ou desligado (estado 0), um bit quântico, ou qubit, pode estar em vários estados ao mesmo tempo. A consequência teórica é ter um computador quântico com capacidade de processamento exponencialmente maior que um computador normal, o que permite resolver problemas extraordinariamente complexos, em meros segundos.

As aplicações da computação quântica

A primeira revolução quântica trouxe-nos armas nucleares, GPS, lasers e computadores pessoais. Agora, uma segunda revolução aproxima-se, e ninguém quer ficar para trás. Estes avanços podem ter implicações profundas: desde desenvolver medicamentos muito mais eficazes e novos materiais, impulsionar o avanço da inteligência artificial, e impactar a logística global.

Empresas como IBM, Google e Microsoft estão a liderar o setor privado, com progressos recentes na correção de erros — um obstáculo chave para tornar os computadores quânticos uma realidade.

Apesar dos avanços, há preocupações quanto à verificação dos cálculos quânticos, pois os métodos tradicionais são insuficientes. Em muitos casos, será preciso "acreditar" nos resultados dos computadores.

Os desafios

O poder da computação quântica também representa um extraordinário risco: poderá em breve tornar os métodos de encriptação atuais obsoletos, expondo comunicações, bancos e sistemas militares. Alguns hackers já estão a armazenar dados hoje, à espera de ter um computador quântico que os possa decifrar no futuro próximo.

China, EUA, Europa e Japão competem agressivamente pela supremacia nesta área. A China já investiu milhares de milhões desde os anos 1980 e já lançou o primeiro satélite com tecnologia quântica em 2016. Os EUA estão pressionados a acelerar o investimento, com apelos a um novo "Projeto Manhattan" para segurança quântica. Já 17 países têm estratégias nacionais de computação quântica.

No Japão, um grupo de investigadores desenvolveu um dos maiores computadores quânticos do mundo, com 256 qubits. A empresa japonesa Fujitsu prevê lançar um sistema com 1.000 qubits até 2026, como parte do caminho para os 1 milhão de qubits necessários para computação quântica de grande escala e tolerante a falhas.

A Europa está preparada?

A Europa está a olhar para mais uma corrida tecnológica, mas os obstáculos são os velhos conhecidos: forte concorrência das superpotências, fraca capacidade de transformar investigação em soluções comerciais, e dificuldades estruturais de financiamento.

A fragmentação do mercado financeiro europeu é um grande entrave. Apesar de existirem investimentos públicos no setor (cerca de 11 mil milhões de euros), os entendidos na matéria defendem que o continente precisa de instrumentos financeiros mais robustos, como capital de risco à escala europeia.

Não obstante, a UE está a investir no setor, com propostas como a criação de um chip quântico europeu e financiamento através do EU Chips Act. A startup espanhola Multiverse Computing, é uma das empresas europeias líderes em tecnologia quântica, e recentemente levantou 189 milhões de euros em investimento. No entanto, as suas congéneres americanas e chinesas conseguem muito mais financiamento

Atualmente, a Europa atrai apenas 5% do financiamento privado global em tecnologia quântica, comparado com mais de 50% nos EUA e 40% na China.

Se não houver mudanças, ficaremos a ver os metafóricos navios da computação quântica a passar por nós. 

A ACONTECER

👀📈 Olho na inflação! Esta semana decorreu o Fórum do Banco Central Europeu (BCE) em Sintra. A presidente do BCE, Christine Lagarde, assinalou que a meta de inflação de 2% foi atingida, mas que a missão ainda não está completa. Também sublinhou que é preciso continuar vigilante sobre a inflação, principalmente, numa altura marcada pelo risco de instabilidade e fragmentação aliado às preocupações geopolíticas. Lagarde reiterou que todas as decisões do BCE serão tomadas “reunião a reunião, dependendo dos dados”. Jerome Powell afirmou que as tarifas de Trump ainda não causaram muito impacto no custo de vida dos americanos, mas que é improvável que a Fed vá baixar as taxas de juro antes do final do ano.

🚀⭐Portugal na conquista do espaço: A startup aeroespacial portuguesa Connected foi adquirida pela britânica Open Cosmos (o valor da operação não foi ainda divulgado), após já ter angariado 2 milhões de euros numa ronda pré-seed. A Open Cosmos planeia abrir uma fábrica em Coimbra, quer lançar três satélites portugueses e elevar para 50 milhões em 3 anos o investimento no país. 

✈️👜 Fim das taxas adicionais da bagagem de mão. Mas são tudo boas notícias? A UE vai proibir as companhias aéreas de cobrar taxas adicionais pela bagagem de mão. Os passageiros poderão levar gratuitamente para a cabine um saco pessoal (máx 40x30x15 cm) e uma peça de bagagem de mão (máx 100 cm e até 7 kg). Contudo, os especialistas deixam um alerta: isto pode significar o pagamento de tarifas aéreas mais elevadas, especialmente para aqueles que pretendem viajar com pouca bagagem.

🤖 🚧 Paga, bot: A Cloudflare, um dos maiores prestadores de infraestrutura digital, irá começar a bloquear rastreadores (crawlers) de IA em novos domínios online, exigindo permissão explícita dos proprietários de sites antes que bots, como os de IA, possam recolher conteúdo. Além disso, lançou o programa “Pay Per Crawl”, que permite aos editores cobrarem aos bots pelo acesso ao seu conteúdo – oferecendo assim um novo modelo de monetização para os criadores.

Rapidinhas

Segundo um estudo de Benjamin Schoefer, da UC Berkeley, cerca de um terço dos trabalhos em Portugal são desempenhados há 20 anos ou mais. Em alguns países europeus, os empregos de longa duração correspondem a mais de 30% de todos os empregos.

Na próxima semana, a Uber vai lançar um novo serviço em Lisboa que permitirá às clientes escolherem apenas motoristas mulheres, mas também às motoristas optarem por transportar exclusivamente clientes do sexo feminino.

O Parlamento aprovou a redução do IRS proposta pelo Governo aos primeiros oito escalões e entrará em vigor em agosto. Após um entendimento com o Chega, o Governo vai propor uma norma que acautele no OE2026 a descida de mais 0,3 pontos do 2º ao 5º escalão.

A Euribor a 6 meses caiu para novo mínimo desde outubro de 2022, para 2,026%. As taxas a três (1,979%) e a 12 meses (2,066%) subiram.

Os CEOs de mais de 40 empresas europeias estão a pedir à Comissão Europeia uma pausa na Lei da IA antes das principais obrigações entrarem em vigor em agosto. Apelam a um período de carência para cumprir o código e a uma revisão das regras.

NAUTA DA SEMANA
Trovador

Os portugueses inventaram e continuam a inventar muita coisa: o astrolábio, as caravelas, a Via Verde e agora… o primeiro robot de reflorestação todo-o-terreno do mundo! 

Num país em desertificação, anualmente fustigado por incêndios devastadores, dois jovens portugueses (Marta Bernardino e  Sebastião Mendonça) decidiram enfrentar a falta de ferramentas para recuperar as florestas com a rapidez que o nosso planeta precisa. A solução? Um pequeno robot autónomo capaz de "reflorestar terrenos íngremes e queimados com rapidez, precisão e cuidado". 

O Trovador do século XXI

O robot, conhecido como Trovador, começou como um protótipo de 6 pernas de material reciclado, demonstrando não só viabilidade para plantar, como também estabilidade e eficiência - especialmente sobre topografias mais caóticas. Desde então, o Trovador recebeu vários prémios e destaques, incluindo da National Geographic.

Qual o próximo passo?

Agora, os jovens estão à procura de financiamento para construírem o primeiro protótipo à escala real e capaz de plantar centenas de árvores por hora. Numa campanha de crowd funding na Indiegogo, a equipa procura alcançar a meta dos 14 mil euros para a próxima fase do projeto.

RECOMENDAÇÃO

Queres mandar? Aprende a sobreviver primeiro!

Ser CEO parece glamoroso — escritório com vista, powersuits, decisões épicas — mas a realidade é menos Suits e mais “aguenta com esta casa a arder enquanto aprendes a usar IA e lidas com 27 crises ao mesmo tempo.” Segundo a Harvard Business Review, os CEOs estão a fugir do cargo, e quem quer entrar tem de estar pronto para tudo: aprender como um atleta olímpico, pensar como o Google Earth e ter nervos de aço. Se gostarias de assumir esse lugar na mesa, ou já o tens, recomendamos-te a ler este artigo para aprenderes que competências deves desenvolver para seres bem sucedido neste cargo.

ABC DO DINHEIRO
Ronda Seed