MERCADOS FINANCEIROS

Praça do Comércio

A notícia mais importante da semana:  Tarifas, inevitavelmente. O Presidente dos EUA ainda não se fartou de fazer anúncios com a sua palavra favorita. As vítimas desta semana? Vários países, incluindo o Japão, a Coreia do Sul, a Malásia, a África do Sul, Indonésia, Sérvia, Canadá… são demasiados para listar. E Trump diz que não vai ficar por aqui, e que mais países devem esperar as suas famosas cartas.

Entretanto, outro dos países que Trump ameaçou com tarifas é o Brasil. Mas desta vez, as tarifas “retaliatórias” de 50% vêm com um aviso: a Justiça brasileira deve parar de “perseguir” o seu ex-presidente Jair Bolsonaro, “apenas” pelo facto de este ter tentado fazer um golpe de estado. Portanto, não só o Presidente americano está a tentar interferir num caso de justiça de um país estrangeiro, está a fazer com que os seus próprios cidadãos paguem mais por produtos brasileiros, para proteger um aspirante a autocrata. 

Pondo de parte os casos de extorsão e atentado contra o direito internacional, o facto é que Trump está a falhar redondamente no seu objetivo de 90 acordos comerciais em 90 dias. Até agora, os EUA apenas têm para mostrar “rascunhos” de acordos com o Reino Unido e o Vietname e nada de substancial com os grandes parceiros como o Canadá, o México, e a União Europeia (que está otimista). Parece que, afinal, os acordos comerciais levam tempo para serem concluídos. Aparentemente, são bastante complexos, ou o que é.

Apanhar o bluff: Os mercados estão relativamente tranquilos, apesar deste vaivém de tarifas e negociações comerciais. Os analistas já interpretam os avanços e recuos como parte da estratégia de negociação de Trump, não como ações definitivas. As oscilações negociais já não amedrontando os mercados, e a aposta é que Trump pode recuar caso haja uma reação negativa.

Olho no fogão: A CEO do X (antes Twitter), Linda Yaccarino deixou o seu cargo de chefia, aparentemente no seguimento da polémica com o Grok, a plataforma de AI criada por Musk & Co. Que polémica, perguntas tu? Bem, o Grok começou a postar tweets antissemitas e conspiratórios. 

Musk, apesar de ter saído do executivo de Trump ainda continua com aspirações políticas e criou o “America Party”, com o objetivo de acabar com o bipartidarismo americano. Entretanto, a sua SpaceX está à beira de novo financiamento, com uma avaliação de 400 mil milhões de dólares.

AI a bombar: A Nvidia ultrapassou brevemente uma capitalização de 4 biliões de dólares na quarta-feira, tornando-se a primeira empresa pública a atingir este marco. Esta capitalização impressionante foi impulsionada pelo papel dominante da Nvidia no boom da IA. Por terras europeias, a francesa Mistral, a maior startup de AI na Europa, está em conversações para angariar até mil milhões de dólares em ações de vários investidores, incluindo do fundo MGX de Abu Dhabi. A confirmar-se, este acordo irá aprofundar os laços entre a França e os Emirados Árabes Unidos numa área cada vez mais dominada pelos EUA e pela China.

ECONOMIA

Fato-checking

A discussão de milhões pelo vestuário de Zelensky.

A Polymarket, uma plataforma online que permite aos utilizadores apostar no resultado de vários eventos, está no olho de uma tempestade que tem tanto de estranha como de crucial para o futuro desta plataforma. 

A aposta (polémica) do momento está relacionada com a indumentária do Presidente da Ucrânia: “Zelensky usará um fato antes de julho?”.

Desde o início da invasão russa, Zelensky comprometeu-se a vestir apenas roupas militares, em solidariedade com os soldados da linha da frente; algo que tem sido alvo de debate e até algumas críticas (principalmente vindas da Casa Branca).

A 25 de junho, Zelensky foi fotografado a vestir um casaco, camisa e calças pretas com pormenores de estilo militar, indumentária que vários meios de comunicação descreveram como um fato.

No entanto, a Universal Market Access (UMA), uma plataforma descentralizada que arbitra os conflitos de apostas na Polymarket, não considera que o outfit que Zelensky usou constitui um fato. Assim, a aposta, com um total de 210 milhões de dólares em jogo, está prestes a ser resolvida a favor dos apostadores do “não-fato”.

Muitos apostadores do lado contrário, confiantes de que o Presidente Ucraniano usou, de facto, um fato, reclamam os seus milionários ganhos, e estão a considerar instaurar uma ação judicial contra a Polymarket e a UMA. O argumento destes é que o sistema de resolução de conflito da UMA é vulnerável a whales (baleias), detentores de grandes quantidades de tokens que acabam por ter uma influência desproporcional sobre as decisões. Além disso, a Polymarket reserva-se no direito de poder anular um resultado da UMA.

Este caos acontece num momento crítico para a Polymarket, que se encontra perto de conseguir uma ronda de investimento liderada pelo Founders Fund de Peter Thiel. A Polymarket está avaliada em mil milhões de dólares, mas esta disputa sobre o outfit de Zelensky está a tornar-se num verdadeiro teste à eficácia e fiabilidade do modelo de crowdsourcing* da Polymarket.

A ACONTECER

📉 Habemus descida do IRS - Após a aprovação na generalidade, a descida das taxas de retenção na fonte (o que pagas mensalmente) foram aprovadas na especialidade no Parlamento. A descida do IRS terá efeito em agosto e setembro, com retroativos a janeiro deste ano. Isto quer dizer que o imposto cobrado “a mais” desde o início do ano será devolvido. A partir de outubro haverão novas tabelas de retenção que irão refletir mensalmente a redução. Trata-se de um alívio de 500 milhões de euros, que vai abranger os rendimentos do 1º ao 8º escalão. A proposta vai ser ainda votada em plenário na próxima quarta-feira para poder entrar em vigor.

Rapidinhas

Segundo um estudo da Gisma University of Applied Sciences, o salário mínimo não cobre as despesas básicas de um adulto em quase todos os países da UE, à exceção da Bélgica. Portugal está entre os piores lugares.

O acesso ao Portal das Finanças vai passar a ter autenticação reforçada com código por SMS. A adesão ao duplo factor de autenticação será gradualmente disponibilizada aos contribuintes.

A UE deu o aval para Portugal investir mais em defesa, sem que este investimento conte para o cálculo do défice, permitindo que fique isento do cumprimento das regras orçamentais.

O Primeiro Ministro anunciou a privatização de 49,9% da TAP. Da fatia a ser alienada, 44,9% ficará nas mãos de um investidor privado e 5% do capital destina-se aos trabalhadores.

A Google anunciou a instalação de um cabo submarino que vai ligar os EUA, Bermudas, Açores e Espanha.

Segundo dados da Bloomberg, na noite de quarta-feira, a Bitcoin atingiu um novo máximo histórico de mais de 112 mil dólares (~95 mil euros). Contudo, caiu para 94 mil euros pelas 6h de Lisboa.

NAUTA DA SEMANA
YPlasma

A YPlasma, uma deep tech nascida no Instituto Nacional de Técnica Aeroespacial (INTA) em Espanha, acaba de levantar cerca de 2,1 milhões de euros numa ronda seed liderada pela portuguesa Faber. A startup promete dar um fim digno às ventoinhas barulhentas e aos sistemas de refrigeração líquida, com uma tecnologia de gestão térmica que parece saída de um episódio de ficção científica — mas é bem real.

🧪 Como assim, vento sem partes móveis?

A YPlasma desenvolveu atuadores de plasma DBD (dielectric barrier discharge) que criam vento iónico sem partes móveis, em formato de estado sólido e ultra-compacto. É como ter um mini tornado silencioso a refrescar chips sobreaquecidos — uma inovação com potencial para transformar a eletrónica de consumo (computadores portáteis), aeronáutica, data centers, e até a agricultura vertical.

💡 E o que ganha Portugal com isso?

A Faber não só lidera a ronda como leva o talento português para o centro de uma inovação global. Com a participação da SOSV, o investimento vai acelerar os centros de I&D nos EUA e em Madrid, com as primeiras integrações comerciais previstas já para o final de 2025.

NAUTA DA SEMANA - MENÇÕES HONROSAS

PFx Biotech

Não é um Dejavu! A PFx Biotech, startup da UPTEC, arrecadou 2,5 milhões de euros para desenvolver uma plataforma de fermentação de precisão para produzir proteínas do leite humano bioidênticas, como a lactoferrina. Aposta numa solução sustentável — sem laticínios, alergénicos, OGMs ou ingredientes de origem animal — para a alimentação e suplementação das crianças à população idosa.

Com mais 2,5 milhões do EIC Accelerator, esta startup tem como objetivo produzir à escala industrial, montar laboratório próprio e começar a pensar na expansão para a Europa.

Glartek

A Glartek arrecadou 2 milhões de euros, com apoio da Portugal Ventures e da August One, para acelerar a entrada em novos mercados e reforçar o seu produto de Connected Worker — que já ajuda gigantes como EDP, Sonae e Daimler a melhorar segurança, qualidade e formação industrial. A meta? Digitalizar operações complexas com dados, colaboração em tempo real e zero papelada. Transformação industrial, versão turbo.

RECOMENDAÇÃO

IA pode saber tudo, mas não substitui a tua atitude

Queres mesmo mudar de vida? Começa por dentro. Este artigo da Investor's Business Daily defende que o mindset é o verdadeiro cheat code para uma vida com mais foco, clareza e resultados — e não, não estamos a falar de “pensamento positivo” enquanto o caos arde à tua volta.

Aborda tópicos como:
💭 Atualizar crenças que já deviam estar no arquivo morto.
🧘‍♂️ Fazer detox mental com silêncio.
🎯 Ter objetivos teus, não da tua tia ou do algoritmo.
👀 Visualizar a vitória — mesmo que seja só a apresentação de amanhã.

ABC DO DINHEIRO
Crowdsourcing