MERCADOS FINANCEIROS

Praça do Comércio

A notícia mais importante da semana: a NVIDIA a segurar a economia mundial… outra vez!

A NVIDIA apresentou resultados esta semana e quem já lê a nauta há muito tempo sabe bem que este evento trimestral é o pilar da economia mundial (pelos menos nos últimos anos). Se a NVIDIA tem bons resultados, os bons tempos nos mercados continuam.

E sim, os resultados foram bons! As vendas aumentaram 78% em relação a 2023 e chegaram aos 39 mil milhões de dólares. As ações valorizaram 6,98% em fevereiro e, sem que o CEO da NVIDIA preste vassalagem a Trump, a empresa parece bem posicionada para navegar o novo mundo multipolar - mesmo depois da revolução DeepSeek.

Olho no fogão: vendas da Tesla colapsam na Europa. 

Não é hipérbole, a Tesla vendeu menos de 10 mil veículos na Europa em janeiro, uma queda de 45% em relação ao ano passado. Em parte devido à competição contra carros elétricos mais baratos (o segredo do negócio quando se tratam de carros elétricos) e em parte graças aos “tempos-livres” do CEO da Tesla, Elon Musk. No último mês as ações da Tesla caíram 23,62%...

É caso para dizer: diz-me que saudações fazes e a Europa dir-te-á que carros não quer comprar.

No nosso rectângulo: EDP Renováveis em apuros e Galp com sorte nos furos!

Nas últimas décadas a energia eólica foi declarada múltiplas vezes como “o futuro”, isto é, se houver futuro. Infelizmente, Trump põe o futuro em causa e as energias renováveis nos EUA estão “canceladas” durante os próximos 4 anos (pelo menos). Assim, aquela que foi uma boa aposta da EDP está neste momento com prejuízos de 556 milhões de euros.

Por outro lado, a Galp continua a ter sorte na Namíbia e no seu quinto furo voltou a encontrar “ouro negro”.

Bónus: com o ouro ao rubro, as criptomoedas estão a contrair a tendência de “porto seguro” depois de uma fase em jeito de “lua de mel” com Donald Trump. Para além da falta de atenção do Presidente dos EUA, o maior ataque informático de sempre (até agora) e um escândalo com o Presidente da Argentina estão a empurrar as moedas virtuais para mínimos de três anos (mais sobre isso em baixo).

Alerta para a próxima semana: o colapso das negociações entre Trump e Zelenskyy (mais sobre isso em baixo) pode afetar muito negativamente as bolsas na próxima segunda-feira, em especial a indústria de defesa nos EUA.

ECONOMIA

Especial nauta: o que raio se passou em Washington?

O acordo das terras raras entre Ucrânia e EUA acabou como começou: mal!

Estava tudo pronto para a assinatura do acordo. Volodymyr Zelenskyy, Presidente de um país invadido por uma potência nuclear, vestiu o seu melhor traje (mas não um fato) e voou até à Casa Branca para reunir-se com o Líder do Mundo Livre. As canetas estavam lá, os órgãos de comunicação estavam lá (os poucos que ainda são permitidos), mas o ambiente era de total desconfiança. E, rapidamente, descambou de forma épica.

Em que consiste o acordo das terras raras entre a Ucrânia e os EUA?

Este acordo bilateral difere significativamente do acordo original proposto pela administração Trump. O plano inicial previa que a Ucrânia utilizasse os seus recursos minerais para reembolsar os EUA pela ajuda militar recebida. No entanto, o novo acordo cria um fundo de investimento para reconstrução, com propriedade conjunta entre os EUA e a Ucrânia. A Ucrânia contribuiria com 50% das receitas futuras da monetização dos seus recursos naturais. O fundo financiaria projetos no país para atrair investimento privado. Apesar da falta de garantias diretas de segurança, a parceria incentiva os EUA a manterem um interesse na estabilidade ucraniana.

Este é um bom acordo para alguém?

Provavelmente não, a não ser para Putin. Em primeiro lugar, não existem estimativas fiáveis para a quantidade de recursos minerais existentes em território ucraniano. A extração mineira é uma indústria que necessita de um elevadíssimo investimento inicial desde a  construção das minas, infraestruturas e fábricas de processamento de minérios, e apenas oferece resultados a longo prazo - em média demora 18 anos para que uma mina esteja operacional.

Além disso, a indústria mineira consome imensas quantidades de energia, o que será um problema pois cerca de ⅔ da rede elétrica ucraniana foi tomada ou destruída pela Rússia. 

Para a Ucrânia, este acordo não seria particularmente benéfico pois, para além de ter de entregar grande parte dos seus recursos minerais aos EUA, a administração Trump não oferece nenhuma garantia de segurança contra uma futura invasão russa. Esta falta de garantia de segurança também dificulta a atração de investidores privados americanos para a Ucrânia - ninguém quer montar uma mina numa zona de guerra.

O que é que se passou na Casa Branca?

Nesta situação não há palavras a medir: este acordo seria um “desconto de 5 dedos” dos recursos naturais ucranianos por parte dos EUA, que estão a usar a sua posição única no mundo para fazer bullying a um país destruído por 3 anos de guerra. Esta posição é evidente na forma como o Presidente americano trata o congénere ucraniano - sem qualquer respeito, de forma coerciva e inflamada.

No seguimento do espetáculo que assistimos nesta sexta-feira (28/02), o péssimo acordo que estava prestes a ser assinado foi cancelado, com Zelenskyy expulso da Casa Branca. Os líderes europeus vieram reafirmar o seu apoio ao Presidente ucraniano, enquanto todos nós esperamos ansiosamente pelos próximos desenvolvimentos da situação internacional mais delicada desde 1938.

CRIPTOMOEDAS

As Cripto-Guerras Mundiais

Enquanto figuras de estado do mundo ocidental brincam com criptomoedas, piratas informáticos da Coreia do Norte semeiam caos e guerra.

Há dois tipos de ladrões: os de Hollywood (como Danny Ocean representado por George Clooney) e os reais (como Miguel Arruda a representar o Chega). E se os golpes dos ladrões de Hollywood são mirabolantes, os golpes dos ladrões reais não ficam atrás…

Mais do que umas malas num aeroporto, o recorde do maior golpe de sempre pertencia a um dos filhos de Saddam Hussein, sim esse Saddam Hussein, que roubou mil milhões de dólares (em dinheiro) do Banco Central do Iraque antes de as bombas americanas começarem a cair em 2003. 

Agora que ditadores e ditaduras estão em voga, a prática de roubar para financiar guerras também. No entanto, duas décadas depois do início da guerra no Iraque, há outras formas de amealhar “dólares” para além de assaltar reservas estatais. 

No final de fevereiro, a segunda maior plataforma de comércio de criptomoedas foi pirateada. Sediada no Dubai, a Bybit apelou aos “maiores cérebros da cibersegurança” para que ajudassem a recuperar 1,5 mil milhões de dólares em Ethereum (ETH)  roubados de uma carteira de criptomoedas* por piratas informáticos.

Com uma recompensa de 140 milhões de dólares a quem resolver o maior assalto de sempre, o consenso está a convergir num grupo muito menos charmoso do que os Ocean’s de Hollywood - a FBI diz que o ataque terá origem num grupo especializado da Coreia Norte, o grupo Lazarus.

Os múltiplos milhões estão agora a ser transformados em bitcoin, através de milhares de carteiras, com o objetivo de transformar as criptomoedas em… moedas normais para financiar os investimentos da Coreia do Norte em armamento nuclear. Por muito sofisticada que seja a lavagem de dinheiro de Estados pária, o objetivo final será sempre a guerra.

E por falar em lavagem de dinheiro com criptomoedas… Javier Milei, o Presidente da Argentina, enfrenta um escândalo por ter promovido uma memecoin - semelhante ao que Trump e Melania fizeram - a $LIBRA chegou a uma avaliação de mercado superior a 4 mil milhões de dólares e depois colapsou passado umas horas. Normalmente, esquemas de Pump & Dump são feitos por influencers duvidosos e não por presidentes democraticamente eleitos, pelo que este é o primeiro grande escândalo de Javier Milei.

Entre presidentes disfarçados de cripto-burlões e piratas informáticos a assaltar em nome de Estados, o mundo “virtual” das criptomoedas facilita o crime e o financiamento de terroristas e Estados malignos. Se há duas décadas Saddam Hussein assaltou o seu próprio Banco Central, agora a Coreia do Norte (um Estado com soldados a lutar na Ucrânia) penetrou uma empresa dos Emirados Árabes Unidos para realizar o maior assalto de sempre e financiar a sua corrida ao armamento nuclear.

Seria um extraordinário filme, se fosse ficção.

A ACONTECER

🛬 Milionários são bem-vindos: Trump apresentou um visto Gold Card de 5 milhões de dólares, que oferece residência permanente e um caminho para a cidadania a investidores abastados. A proposta substituiria o programa EB-5, com objetivo de impulsionar a criação de empregos, atrair talentos de alto nível e, potencialmente, usar as receitas para ajudar a pagar a dívida dos EUA.

💅🏼 Casos e casinhos: Apesar de Portugal viver um período de estabilidade fiscal, com a dívida pública no nível mais baixo dos últimos 14 anos, Luís Montenegro enfrenta um dilema: ou desfaz-se da participação que detém na Spinumviva ou pede demissão do cargo de primeiro-ministro, pois, segundo politólogos (também fomos ver o que quer dizer), num contexto de pressão crescente, está a ser posta em causa a sua credibilidade e estabilidade governativa.

Rapidinhas

Foi anunciado pelo Governo um conjunto de incentivos governamentais públicos para promover o desenvolvimento de projetos deeptech e de startups com “elevado potencial de inovação tecnológica disruptiva”. 

A agência S&P subiu o rating da dívida portuguesa para o nível A, perspetivando uma nova subida no espaço de dois anos.

O Governo pretende “simplificar e liberalizar” o mercado do carregamento de veículos elétricos, permitindo abastecer um carro em qualquer posto de carregamento.

A empresa do youtuber MrBeast está a procurar levantar “centenas de milhões” de dólares numa ronda de investimento. 

A Environmental Protection Agency, o principal regulador ambiental dos EUA, está a recomendar que seja eliminada a sua conclusão formal de que os gases com efeito de estufa são nocivos para a população.

Trump afirmou que irá anunciar brevemente tarifas de 25% para os países europeus.

Os líderes europeus já responderam, com uma contra-ameaça, à ameaça de Trump.

NAUTA DA SEMANA
PFx Biotech

Já imaginaste um biberão futurista, livre das alergias ao leite de vaca, graças a uma tecnologia que não só revolucionou a nutrição infantil como cuida do planeta? A PFx Biotech, incubada na UPTEC, garantiu 9,5 milhões de euros via EIC Accelerator para escalar a produção de proteínas humanas – como a lactoferrina – utilizando fermentação de precisão.

O que é a PFx Biotech?

Nascida da necessidade real de oferecer alternativas ao leite de vaca (o filho do CEO sofria de alergia), a empresa desenvolveu uma tecnologia pioneira para produzir, em larga escala, proteínas presentes no leite materno, como a lactoferrina. Estes compostos melhoram a nutrição, a cognição e a saúde intestinal, contribuindo também para a sustentabilidade ao reduzir a pegada ambiental dos métodos tradicionais.

Planos para o Futuro?

Com este financiamento, a PFx Biotech pretende reforçar a equipa. É o plano para transformar o “biberão do futuro” numa realidade que une ciência, saúde e sustentabilidade!

ERRATA

Este texto, com foco na PFx Biotech, continha dois erros.

Assim, onde se leu: “ingredientes essenciais presentes no leite materno, como glicoesfingolípidos e gangliosídeos” devia ler-se “proteínas presentes no leite materno, como a lactoferrina”. De igual modo, onde se leu: “a PFx Biotech pretende reforçar a equipa com 15 novos talentos e construir uma fábrica que” devia ler-se: “a PFx Biotech pretende reforçar a equipa”.

Pedimos desculpa pelos erros e agradecemos a Diana Oliveira, co-fundadora da PFx Biotech, que nos alertou para estas imprecisões.

RECOMENDAÇÃO

Como podes proteger-te de ciberataques?

Os deepfakes tornaram-se cada vez mais fáceis de criar, levando a um aumento de quase 60% nos ataques de phishing em 2024. Estas fraudes exploram vulnerabilidades cognitivas, dificultando a distinção entre realidade e manipulação. Para se proteger, é essencial:

1. Redirecionares a atenção para evitar tácticas de urgência; 

2. Controlares reações emocionais que exploram a compaixão; 

3. Resistires à tendência de obedecer automaticamente à autoridade.

Lê mais sobre como podes te proteger de ataques de phishing neste artigo da Harvard Business Review.

ABC DO DINHEIRO
Carteira de Criptomoedas