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As Tarifas e os Negócios de Trump
8 de Fevereiro de 2025

Bom dia, coisinha sexy!
O Presidente da Colômbia sugeriu legalizar a cocaína para acabar com o tráfico, indicando ainda que a maior exportação colombiana não é pior do que Whisky…
Infelizmente, em vez das boas ideias vindas da América Latina, temos de dar prioridade às maluquices do Presidente da maior economia do planeta e por isso nesta semana escrevemos sobre as tarifas de Donald Trump, sobre as suas ideias de “negócio” e sobre a startup portuguesa a criar uma rede social revolucionária.
Vamos lá!
PSI 0,63% | STOXX600 1,92% | S&P500 1,47% | NASDAQ 1,46% |
EUR/USD 0,053% | GOLD 2,65% | OIL -3,88% | BITCOIN -4,82% |
NVDA 13,78% | TSLA -6,35% | EDPR -5,26% | GALP -1,18% |
MERCADOS FINANCEIROS
Praça do Comércio
A notícia mais importante da semana: depois de declarar e “atrasar” tarifas de 25% ao Canadá e ao México, Donald Trump volta agora ao ataque com tarifas “recíprocas” a vários países num plano que será anunciado no início da próxima semana.
Embora os alvos destas novas tarifas sejam ainda um mistério, o Presidente dos EUA tem reclamado frequentemente das tarifas europeias impostas sobre a indústria automóvel americana - 10% contra os 2,5% impostos a carros europeus nos states.
A juntar à prometida guerra comercial de Donald Trump, os mais recentes dados de emprego e de consumo interno mostram que a inflação nos EUA ainda não foi controlada, o que fez os mercados cair na sexta-feira.
Mais uma vez, a Europa ultrapassou a inflação graças a um excelente trabalho do Banco Central Europeu e da sua líder, a nauta do ano, Christine Lagarde.
Olho no fogão: Tesla perde a pole position e a Ferrari entra na corrida!
A Tesla tem vindo a perder terreno para a chinesa BYD em muitos mercados e a razão é simples - carros mais baratos vendem mais. Quem diria? (Nós, nesta edição!)
A Tesla estava efetivamente a ter um mau ano, sendo a pior das sete magníficas em termos de resultados na bolsa… No entanto, o All In de Elon Musk na eleição de Donald Trump resultou e a Tesla disparou como consequência da proximidade do homem mais rico do mundo ao homem mais poderoso do mundo.
Mas por muito próximos que sejam Trump e Musk, a amizade não vende carros. A BYD já ultrapassou as receitas da Tesla e as vendas também. Aqui em Portugal a tendência é a mesma e a BYD já vende mais que a Tesla.
Se na corrida aos low-cost a Tesla apanha o pó da BYD, este ano promete uma nova entrada no pelotão de luxo: a Ferrari vai mostrar o seu primeiro elétrico em outubro!
No nosso rectângulo: onde há fumo costuma haver fogo e os rumores de que a Caixa Geral de Depósitos, o banco “estatal” e líder de mercado em Portugal, pode adquirir o Novobanco estão cada vez mais intensos.
Esta “fusão e aquisição” iria consolidar ainda mais a banca portuguesa, colocando-nos numa situação cada vez mais semelhante à banca espanhola - dominada pelo Santander.
Aliás, escrevemos sobre a possibilidade de tanto a Caixa como o Santander adquirirem o Novobanco em junho do ano passado. Agora, com o Ministro das Finanças interessado na possibilidade da Caixa avançar neste negócio, é o Governador do Banco de Portugal - Mário Centeno - a alertar para os riscos sistémicos desta fusão.
O Santander, por sua vez, já veio negar qualquer interesse.
Bónus: a revolução da Inteligência Artificial continua marcada pelos avanços chineses que abriram os modelos mais avançados aos bolsos mais fracos.
São boas notícias para o mundo e ainda melhores notícias para os mercados livres - por um lado há investigadores a criar modelos que rivalizam com a OpenAI por menos de 50 dólares e por outro a Softbank vai investir 40 mil milhões na OpenAI numa avaliação de 260 mil milhões.
ECONOMIA
As guerras atrapalham os negócios
Os conflitos na Ucrânia e em Gaza não são business-friendly.
Trump vê a presidência pelos olhos de um empresário, e não consegue deixar escapar boas oportunidades de fazer business. Após ameaçar conquistar a Gronelândia à força, tomar controlo do Canal do Panamá e tornar o Canadá o 51º estado americano, Trump olhou para os mapas da Ucrânia e do Médio Oriente e pensou “estas guerras atrapalham um bocado”.
A Ucrânia possui depósitos de 22 dos 50 minerais críticos para a economia mundial - as chamadas “terras raras”. Num plano para conquistar Trump, Kiev tem vindo a sublinhar que os seus ricos depósitos de minerais, que vão desde o titânio à grafite, poderiam ajudar os EUA a vencer a China na corrida global aos recursos.
Esta segunda-feira, Trump mordeu o isco e disse que planeava fazer um acordo com a Ucrânia para ter acesso aos seus depósitos minerais em troca da futura ajuda militar na guerra com a Rússia. Este é um plano que não agradou nada ao regime russo, que também está de olhos neste recursos desde o início da guerra.
Em Gaza, as imagens dos milhares de Palestinianos a regressarem às suas ex-casas certamente impressionaram Trump. Não pelo desastre humanitário mas pelas belas praias que não têm um único resort de 5 estrelas! “Vamos construir uma bela riviera em Gaza”, pensou afirmou o presidente; “E os Palestinianos?”, questionaram os seus assessores; “Os quem?” respondeu Trump.
100% real…
EMPRESAS
Tarifar Primeiro, negociar depois

Podem as tarifas americanas ser uma ameaça para a economia da UE?
Trump anunciou a primeira ronda de tarifas sobre a maioria das importações e produtos provenientes do México, Canadá e da China. Em causa está o défice comercial dos EUA com estes países, ou seja, os EUA estão a comprar mais do que a vender.
Contudo, após conversações, os EUA vão adiar a aplicação das tarifas de 25% sob o Canadá e o México por 30 dias. Os acordos com estes países implicam compromissos para reforçar os controlos fronteiriços e combater o comércio de fentanil, o tráfico de armas e o crime organizado.
A UE representa cerca de 15% do total das importações dos EUA e Trump deixou o aviso… a aplicação de tarifas poderá estar para breve. Face a estas declarações, Ursula von der Leyen afirmou que a UE está disposta a encetar “negociações duras” com Trump para evitar uma guerra comercial. Neste cenário, os setores automóvel e farmacêutico poderão enfrentar mais riscos por estarem expostos a direitos aduaneiros significativos.
Os principais bancos de investimento dos EUA também manifestaram as suas preocupações quanto ao impacto no crescimento da Europa em 2025. Segundo a Goldman Sachs, o PIB da zona euro deverá situar-se em 0,7%, muito abaixo das projecções de 1,1% do Banco Central Europeu. Os lucros das empresas europeias também poderão ficar sob pressão, com o possível crescimento de apenas 3% em 2025, muito abaixo do consenso ascendente de 8%.
Uma descida do euro poderá proporcionar algum alívio às ações europeias, em especial às multinacionais. A Goldman Sachs prevê que a taxa de câmbio EUR/USD desça para 0,97 nos próximos 12 meses, enquanto a GBP/USD poderá enfraquecer para 1,20. Contudo, a relação entre um euro mais fraco e as ações europeias é complexa.
Rapidinhas
O MB Way subiu os limites de transferências, sendo possível receber até 5.000 euros por mês, até um máximo de 50 operações, e enviar 2.000 euros de uma só vez. Contudo, os bancos podem, individualmente, apertar estes limites aos seus clientes.
A CMVM vai lançar um “comparador” de produtos financeiros, que irá permitir que os consumidores avaliem os riscos, retorno e custos associados ao investimento em diferentes produtos.
O Governo eliminou a obrigação de declarar juros, subsídio de refeição e outros rendimentos em sede de IRS que estão isentos de tributação. Os rendimentos provenientes de offshores são a exceção.
Segundo o Eurostat, os cidadãos da UE gastam 20% do seu rendimento disponível em custos de habitação. Em 2023, os custos com a habitação em Portugal representaram 14% do rendimento.
O fundo soberano da Noruega registou um lucro de 13% em 2024 devido às gigantes tecnológicas, que se traduziram em ganhos de cerca de 213 mil milhões de euros.
Trump cancelou 4 mil milhões de dólares em promessas dos EUA para o fundo climático da ONU. Os EUA eram os maiores contribuidores para o fundo global, que ajuda mais de 100 países a fazer face às alterações climáticas.
Trump assinou uma ordem executiva para a criação de um fundo soberano dos EUA. O mecanismo de financiamento não é claro, mas poderá ter as tarifas como uma fonte. Trump também mencionou que poderá comprar o TikTok.
NAUTA DA SEMANA
Bloop
Já imaginaste um mundo onde comentar sobre este gadget incrível ou aquele outfit perfeito igual idêntico ao da Cristina Ferreira dá-te recompensas? A Bloop quer transformar esse sonho em realidade ao fundir um marketplace com uma rede social – o TikTok das compras, mas com cashback!
O que é a Bloop?
A ideia começou a ser desenhada há quatro anos por Francisco Rodrigues (CEO) e João Neves (CTO) com o objetivo de criar a primeira rede social de compras do mundo e democratizar o poder de influência – porque nem toda a gente precisa de milhões de seguidores para ser relevante.
Em 2024, a startup fechou uma das maiores rondas de financiamento de Portugal, arrecadando 1,4 milhões de euros (410 mil via crowdfunding com 126 investidores). Em março, lança a versão beta exclusiva para embaixadores, e o grande go-to-market está previsto para setembro, já com mais de um milhão de produtos e 20 marcas agregadas.
E como funciona?
Publicas uma recomendação e ganhas 10% do valor da compra em créditos. Se alguém comprar por tua indicação, levas mais 5%. E sim, podes gastar tudo em novas compras – desde gadgets a experiências, até reservas de hotel e restaurantes!
Como são os planos para o futuro?
Ambiciosos: 500 vendedores até ao final do ano, expansão para Espanha, França, Itália, Alemanha em 2026 e entrada nos EUA em 2027. Até 2028, a Bloop quer juntar-se ao clube dos unicórnios, movimentando mais de 300 milhões de euros em vendas e atingindo 2 milhões de clientes ativos.
RECOMENDAÇÃO
Como fazer pausas ideiais no trabalho?
Sentes que passas o dia inteiro a trabalhar, mas a tua produtividade está a cair mais rápido que uma torrada com o lado da manteiga para baixo? Talvez o problema não seja falta de esforço, mas sim pausas mal feitas – ou pior, a falta delas!
Este artigo da Harvard Business Review mostra como parar na altura certa pode fazer maravilhas pelo teu foco, criatividade e até pelo teu humor (sim, aqueles surtos sonolentos às 16h têm solução!). Desde o método 52/17 até truques para sincronizares os teus intervalos com o teu ritmo natural, vais descobrir que descansar bem pode ser o hack definitivo para trabalhares melhor.
Dá uma espreitadela – a tua produtividade (e sanidade) agradecem!
ABC DO DINHEIRO
Défice
Em macroeconomia, défice refere-se à situação em que as despesas excedem as receitas num dado período. Podemos falar em vários tipos de défice:
Défice Orçamental: quando o Estado gasta mais do que arrecada.
Défice Externo: ocorre quando um país importa mais do que exporta.
Défice Público: inclui o défice orçamental e as dívidas das empresas públicas.
O défice pode ser financiado por dívida, impostos ou cortes de despesa.
No adeus desta edição, um conselho: apesar do que diz o Presidente da Colômbia, consumir bebidas alcoólicas e/ou cocaína não é bom nem para a tua saúde nem para a saúde da tua carteira.
Qualquer feedback construtivo é muito bem vindo em
[email protected]!
Memes



Se calhar até merece um texto na próxima edição…
As cotações apresentam os resultados semanais dos ativos referenciados. As quatro primeiras são índices que combinam os desempenhos de conjuntos de empresas. O PSI é o índice português, o STOXX600 é o índice das 600 maiores empresas europeias, o S&P500 e o NASDAQ são ambos dos EUA. As seguintes quatro são mercadorias e moedas. EUR/USD é o câmbio entre o euro e o dólar americano, gold é ouro, oil é petróleo bruto e bitcoin é a mais popular criptomoeda (em euros).
As quatro últimas são ações de empresas que tiveram desempenhos notáveis durante a semana. Nesta semana temos NVDA para a Nvidia, TSLA para a Tesla, EDPR para a EDP Renováveis e GALP para a Galp.
A nauta é um boletim informativo semanal sobre a atualidade económica, financeira e empresarial, escrita em língua portuguesa. Não é jornalismo nem consultoria financeira, mas uma oportunidade para aprofundares os teus conhecimentos nestes temas e acompanhares o essencial do mundo dos negócios e mercados financeiros.
Escrita por João Ornelas Raínho, Mário de Pinto Balsemão e Nuno Martins.