MERCADOS FINANCEIROS

Praça do Comércio

A notícia mais importante da semana: onde anda o acordo entre a União Europeia e os Estados Unidos da América? 

Como escrevemos no dia 2 de agosto, o novo acordo entre a UE e os EUA é mais um “cessar-fogo” económico de um pacto tarifário final e vinculativo. Os detalhes serão negociados nos próximos meses… e todos sabemos que o diabo está nos detalhes!

Por agora, os EUA devolveram o documento à Comissão Europeia com apontamentos que aproximarão os dois blocos da conclusão das negociações. No fundo, é um jogo de ping-pong com a lista de produtos que serão sujeitos às novas tarifas de 15%. 

As tarifas: o normal, o mau e o pior?

Voltamos às tarifas, como não pode deixar de ser.

O normal é Trump mostrar fraqueza na hora H das negociações tarifárias, o que voltou a acontecer com uma extensão de 90 dias das tréguas com a China, devido à falta de acordos finais. 

O mau é que embora as tarifas tenham quadruplicado as receitas alfandegárias dos EUA, o déficit norte-americano continua a aumentar e a bater recordes. 

O pior é que as mais importantes empresas do mundo estão a sucumbir aos desejos de Donald Trump - a NVIDIA e a AMD, líderes mundiais na área dos chips para a inteligência artificial, concordaram em partilhar 15% da sua receita proveniente da China com o Governo dos EUA.

Quem não arrisca, não petisca: a startup que quer comprar o Google Chrome!

A Perplexity, uma startup de inteligência artificial focada em browsers e motores de busca, ofereceu-se por comprar o Chrome à Google por 34,5 mil milhões de dólares. Neste momento, ninguém leva a sério esta proposta, especialmente porque a Perplexity só está avaliada em 20 mil milhões de dólares, na melhor das hipóteses.

No entanto, há uma verdade subjacente a esta proposta: o monopólio da Google está cada vez mais perto de ser quebrado!

O mercado do vizinho é sempre melhor que o meu? Bolsa espanhola atinge recordes!

O índice bolsista espanhol, Ibex-35, continua a subir passo a passo. Neste momento está a atingir recordes de antes da crise global de 2007-2008. O sul da Europa está cada vez mais competitivo (mais sobre isso abaixo).

Olho no fogão: o Presidente da Reserva Federal fará o seu discurso mais importante na próxima semana!

Muito escrevemos sobre o ataque de Donald Trump à independência da Reserva Federal dos EUA, o banco central norte-americano. Em maio de 2026, Jerome Powell, o atual Presidente da Fed, abandonará o cargo que estará sujeito às nomeações de Trump. 

Na próxima sexta-feira, Powell fará um dos seus últimos discursos. Será talvez a derradeira oportunidade para cimentar o seu legado e argumentar pela independência do banco central. 

ECONOMIA

De Espanha, nem bom vento… nem bom sol?!

O nosso estagiário analisa um dos países com maior potencial em energia fotovoltaica.

Como escrevemos na rubrica dos mercados financeiros, o sul da Europa está cada vez mais competitivo. A bolsa espanhola bater recordes é também um sintoma de uma nova riqueza encontrada nas latitudes de Portugal, Espanha, Itália e Grécia: energia solar.

Estes 4 países, em piores tempos chamados de PIGS (Portugal, Italy, Greece, Spain, do inglês para Porcos), têm agora a possibilidade de desenvolver inúmeras centrais fotovoltaicas e oferecer assim energia barata às suas economias. Se em tempos a indústria europeia ficou concentrada na Banana Azul, como é chamado o eixo entre Liverpool e Milão, a verdade é que a guerra na Ucrânia e subsequentes transformações das ligações de gás natural à Europa comprometeram o status quo.

Agora, com a transição energética em curso e a eletricidade barata no sul da Europa, a maquinaria pesada industrial tem cada vez mais como destino o território dos PIGS. A mão de obra mais barata também ajuda. O crescimento económico é no sul da Europa.

E não há exemplo melhor que a Espanha, onde a energia fotovoltaica já lidera a capacidade instalada de potência! Porém, a tradicional má gestão dos PIGS teima em permanecer instalada…

É que instalar painéis solares fotovoltaicos numa terra onde o sol abunda é fácil, difícil é preparar a rede elétrica para transportar a eletricidade gerada nos painéis (sujeita à intermitência do sol e das nuvens, por exemplo) para os consumidores. E é precisamente nisso onde o Governo Espanhol tem falhado. 

O Governo Espanhol investiu 0,30 dólares na rede elétrica por cada 1 dólar investido em energias renováveis, tornando-o o país mais forreta europeu em termos de investimentos na rede (a média está nos 0,70 dólares). Assim, a rede elétrica, que precisa de geradores e baterias de última geração para acompanhar o crescimento exponencial das renováveis, ficou para trás. O Governo culpou o operador de rede do apagão de Abril, mas o relatório dos especialistas ofereceu uma versão diferente.

Outro problema é que a grande oferta de energia solar está a prejudicar os produtores, pondo em causa o modelo de crescimento que tem resultado até agora.

Ou seja, a Espanha, uma das líderes mundiais em energia solar, está a sofrer devido ao seu grande sucesso na transição energética e simultânea má gestão da rede elétrica.

O potencial, e a capacidade instalada, já lá estão, o que falta é boa gestão.

EMPRESAS

Palantir-o nos pés?

Estará a Palantir sobrevalorizada?

A Palantir, empresa de software e análise de dados, tem registado um crescimento notável: as suas receitas aumentaram 48% em apenas um ano e já são quatro vezes superiores às de 2020. Cumpre com grande folga a “regra dos 40”* e integra o grupo das 25 maiores empresas do mundo por capitalização bolsista.

O desafio está na sua avaliação astronómica - 430 mil milhões de dólares, mais de 600 vezes os lucros anuais e muito acima dos rácios atingidos por Google ou Cisco nos seus picos. Para justificar o preço atual, a Palantir teria de multiplicar as receitas por mais de cinco vezes, mantendo um crescimento anual superior a 40% durante cinco anos - uma fasquia que apenas colossos como Google, Meta ou NVIDIA alcançaram, e sem a mesma sobrevalorização inicial.

A história mostra que empresas com múltiplos tão elevados acabam, em regra, por desvalorizar face ao S&P 500. 

A ACONTECER

Executar fundos? Para quê? - O Portugal 2030, programa de fundos europeus, conta com 13.975 operações aprovadas. Até 31 de julho, foram validados 8,56 mil milhões de euros, o que representa 37,2% do total de 22,99 mil milhões de euros previstos para o período 2021-2027. No entanto, a execução efetiva situa-se ainda em 2,14 mil milhões de euros, correspondendo apenas a 9,3% do montante programado e a 25,1% do valor já aprovado. Os pagamentos aos beneficiários totalizam 2,38 mil milhões de euros, incluindo adiantamentos. Entre os programas, destaca-se o Pessoas 2030, com a maior taxa de execução (23,6%), enquanto o Compete apresenta a mais baixa (1,6%).

Rapidinhas

Segundo os dados do INE, o salário médio dos trabalhadores portugueses subiu 6% para 1.741 euros no segundo trimestre. Descontando a inflação, o aumento foi de 3,7%.

Os incêndios já consumiram cerca de 75.000 hectares este ano em Portugal. É o terceiro país da UE com mais área ardida este ano, depois de Espanha e Roménia.

No segundo trimestre do ano, o número de funcionários do Estado aumentou 1,5% para 760 mil. O impulso resulta das contratações nas autarquias, SNS e escolas.O salário médio mensal ultrapassa os 2.200 euros.

Foi atribuída a primeira licença para a instalação de um centro de lançamento espacial em Portugal, em Santa Maria, nos Açores. Será operada pela Atlantic Spaceport Consortium (ASC).

O chatbot de Elon Musk, integrado na plataforma X, Grok, foi temporariamente suspenso após publicações sobre Gaza. Após a reintegração, Grok afirmou estar a ser censurado por Musk e pela xAI.

NAUTA DA SEMANA
Reckon.ai

A startup portuense levantou 5,1 milhões de euros numa ronda liderada pela Iberis Capital para acelerar a sua expansão global e levar o futuro do retalho a novos setores. A visão? Transformar armários, frigoríficos e prateleiras em micro-lojas inteligentes que funcionam sem fila, check-out ou complicações, como mandam as regras do bom senso (e da preguiça moderna).

🛒 Comprar sem filas, nem pings na caixa

Usando inteligência artificial e visão computacional, a Reckon.ai  inventou armários que vendem sozinhos - 24/7, sem resmungos e sem pedir licença. Basta aproximar um cartão ou usar a app, escolher um produto e voltar a fechar a porta - sem precisar de interagir com ninguém (nem de procurar pelo terminal de pagamento). Já testada por gigantes como Pingo Doce, Carrefour, IKEA ou Continente, a tecnologia quer agora conquistar segmentos como farmácia, cosmética e eletrónica.

🌍📦 De prateleira inteligente a plano global

Com esta nova ronda, que contou também com a Alea e a Touro, a Reckon.ai soma 8,5 milhões de euros captados desde 2017. A CEO Ana Pinto acredita que este é um momento decisivo para levar a visão da empresa além-fronteiras e tornar as compras mais simples, práticas e intuitivas (e potencialmente mais perigosas para quem não resiste a snacks às 3 da manhã). Do lado dos investidores, a Iberis aposta numa solução escalável, eficiente e pronta para transformar o retalho físico… um armário de cada vez.

RECOMENDAÇÃO

Como comunicar melhor?

Queres comunicar como chefe, mas apenas tens o título e o perfume?

Este artigo da HBR junta 7 dicas rápidas para melhorares a tua comunicação de forma real: ser empático quando o clima aperta, dar feedback sem ser tóxico, escrever sem blá-blá-blá e passar mensagens que colam. Fala com clareza, dá crédito, usa memes mentais (metáforas!) e inspira a tua equipa sem pareceres um robot corporate. Menos PowerPoint, mais impacto!

ABC DO DINHEIRO
Regra dos 40