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As Finanças Secretas do Vaticano

Habemus Pecuniam?

10 de Maio de 2025

Bom dia, coisinha sexy!
Dois dos co-fundadores da nauta foram à RTP Madeira falar sobre a origem deste nosso projeto e a problemática da baixa literacia financeira em Portugal. Mas como a vida não é só ir à Televisão…
Nesta semana escrevemos sobre os investimentos secretos do Vaticano, sobre a reviravolta na OpenAI e sobre o novo Unicórnio português.
No final temos também uma surpresa para ti!
Vamos lá!

PSI 0,40%

STOXX600 0,33%

S&P500 0,23%

NASDAQ 0,36%

EUR/USD -0,52%

GOLD 2,03%

OIL 8,90%

BITCOIN 9,13%

PLTR -5,15%

TSLA 4,95%

EGL 8,20%

CTT -11,46%

MERCADOS FINANCEIROS

Praça do Comércio

A notícia mais importante da semana: a Reserva Federal dos Estados Unidos da América manteve os juros entre 4,25% e 4,5%.

Contra a vontade de Donald Trump, a Fed manteve os juros exatamente nos mesmos valores onde estão desde dezembro. A incrível volatilidade dos mercados, as incertezas associadas às manias do Presidente dos EUA e o risco subtil de estagflação - inflação e estagnação económica ao mesmo tempo - obrigam o banco central dos EUA a ser cauteloso.

Já no nosso lado do Atlântico, devido aos cortes do Banco Central Europeu às taxas de juro, as taxas Euribor vão voltar a descer e assim haverá um alívio geral nas prestações ao banco.

Como reagiram os mercados? 

Calmamente. Não houve grandes variações, mesmo apesar dos conflitos entre a Índia e o Paquistão.

Fixe & Chips? A NVIDIA é a grande vencedora da corrida à Inteligência Artificial porque vende os chips que permitem criar e treinar os modelos como o ChatGPT. No entanto, nos últimos dias da Administração de Joe Biden como Presidente dos EUA, Portugal - sim, leste bem, Portugal - foi castigado e teve o seu acesso aos chips limitado…

Numa medida cujo objetivo era limitar o acesso da Rússia e da China aos chips, Portugal ficou sujeito a um limite de aquisições de até 50 mil chips no espaço de dois anos. Agora é Trump que vai rasgar a legislação de Biden - fixe & chips para Portugal, se faz favor!

No meio de tudo isto, a China continua a ter acesso aos chips da NVIDIA.

No nosso rectângulo: os lucros dos CTT caíram 25,9% e as ações caíram 11,46%. Já a Mota-Engil avançou com um novo empréstimo obrigacionista e as ações dispararam.

O melhor investidor de sempre, de saída: aos 94 anos, Warren Buffett está de saída como CEO da Berkshire Hathaway - a transição será consumada no final do ano.

Habemus Pecuniam!

ECONOMIA

Anjos e Demónios: o Banco do Vaticano (Parte II)

O nosso estagiário continua em Roma a descobrir os segredos financeiros do Vaticano.

Continuamos a nossa viagem pelos meandros financeiros do Estado do Vaticano e da Santa Sé – agora já com fumo branco. O novo Papa, Leão XIV, herda uma situação orçamental difícil, mas que já esteve pior.

Se não leste a primeira parte deste artigo, onde escrevemos sobre a distinção político-financeira entre a Santa Sé e o Estado do Vaticano, e como ambas estas organizações geram rendimentos, podes lê-la aqui.

IOR - o Banco do Vaticano

O Instituto para as Obras da Religião (IOR) é como é conhecido oficialmente o Banco do Vaticano – claro que este banco tinha de ter um nome tirado de um livro do José Rodrigues dos Santos. O IOR foi fundado em 1942 para gerir os fundos dos membros da Cúria Romana e das organizações da Santa Sé.

O trabalho do Banco do Vaticano é talvez a parte mais controversa e obscura da Santa Sé, e não ajuda o facto deste Banco (e as suas chefias) já ter estado envolvido em vários casos de má gestão, fraude, corrupção e até ligações ao crime organizado.

Atualmente, o IOR centraliza todos os investimentos mobiliários da Santa Sé, sob supervisão da Autorità di Supervisione e Informazione Finanziaria (ASIF). A ASIF é composta por um Conselho de Administração, composto por cardeais e especialistas financeiros civis.

Reformas do Papa Francisco

Como mencionámos anteriormente, os organismos financeiros do Vaticano já estiveram envolvidos em vários escândalos, particularmente o IOR. No pontificado do Papa Francisco, foram feitas várias reformas financeiras para assegurar uma maior transparência e segurança financeira do Vaticano e da Santa Sé.

A ASIF passou a publicar anualmente as demonstrações financeiras* e balanços, e passaram a ser feitas auditorias independentes, em cooperação com autoridades internacionais.

Foi também criada uma Secretaria para a Economia, com jurisdição sobre todas as atividades administrativas e financeiras da Santa Sé. Para mais, foram feitas várias reestruturações internas e cortes nos gastos, que contribuíram para controlar o défice da Santa Sé – em 2023 a ASIF reportou um superávit de 27,6 milhões de euros.

Os investimentos do Vaticano

Sabias que o Vaticano é o país do mundo com mais terminais Bloomberg e analistas financeiros, per capita? A Santa Sé não é avessa aos investimentos, e quem melhor para recomendar ativos financeiros do que Deus Nosso Senhor?!

No entanto, os cardeais católicos não andam todos a comprar dogecoin e ações da Palantir. O IOR está proibido de investir em setores que contradigam os princípios fundamentais da Igreja – ficam de fora as indústrias da defesa, jogos de azar, biotecnologia, entre outras.

Em suma, a história financeira recente da Igreja é um reflexo das lutas internas desta instituição milenar entre o dogma e o espírito reformista.

“Cardeal Maldini, o que acha de metermos 100 mil paus em puts do S&P 500?”

TECNOLOGIA

A “Maior Startup do Mundo” está em apuros

A rivalidade do CEO da OpenAI com Elon Musk é digna de um livro, mas na última reviravolta desta história é a OpenAI que fica por baixo.

Há quase 1 ano, a nauta adivinhou a transformação da OpenAI (na altura sem fins lucrativos) numa empresa com fins bem lucrativos - a “ClosedAI”. Estávamos certos. 

Na edição de 28 de setembro de 2024 foi confirmada a transformação…

O poder está todo nas mãos de Sam Altman, que ao abrir as portas a investidores está a capturar o capital necessário para atingir o objetivo final da, em breve, ClosedAI: criar uma super inteligência artificial.

Caiu a parte que dizia: “para o benefício de toda a humanidade.”

nauta, 28 de setembro de 2024

Mas nesta semana houve outra reviravolta! Afinal a “organização sem fins lucrativos” continuará a controlar a OpenAI e a sua sucursal “com fins lucrativos” numa estrutura empresarial incompreensível. São boas notícias para a humanidade, talvez.

São ainda melhores notícias para Elon Musk que está a dar tudo o que tem - neste caso comprar o Twitter com a sua startup de IA - na corrida à supremacia da Inteligência Artificial. Isto porque a OpenAI sem fins lucrativos gasta fortunas todos os dias e terá muitas dificuldades para encontrar investidores devido aos possíveis lucros estarem limitados.

O CEO da OpenAI, Sam Altman, diz que tem o trabalho “mais fixe e talvez mais importante da História”. Sem investidores e com Elon Musk sedento de vingança, não parece assim tão fixe.

Rapidinhas

ALERTA NAUTA: o prazo para pagar o IMI foi alargado até 30 de junho. Também a data limite de entrega da declaração de IRC Modelo 22 foi prorrogada até 16 de junho.

Pela primeira vez, o salário médio líquido dos trabalhadores por conta de outrem ultrapassou os 1200 euros, um aumento de 9,86% no primeiro trimestre face há um ano. Descontando o efeito da inflação, a valorização foi de 7,2% (79 euros).

A portuguesa Lince Capital lidera a ronda de 3,5 milhões de euros da Speedbird Aero, a startup brasileira de entregas por drones. A Speedbird Aero, com escritório no Porto, pretende aumentar a equipa de engenheiros aeroespaciais e investir na investigação.

O grupo de restauração espanhol Rodilla chegou a acordo para adquirir 100% da cadeia A Padaria Portuguesa, que conta com 84 lojas e 2 fábricas. A operação está sujeita à aprovação da Autoridade da Concorrência e ainda não foi revelado o valor do negócio.

Segundo a Eurostat, 93,3 milhões de pessoas na UE, o equivalente a 21% da população, estava em risco de pobreza ou exclusão social em 2024. Bulgária (30,3%), Roménia (27,9%), Grécia (26,9%), Espanha e Lituânia (25,8%) registaram os valores mais elevados.

NAUTA DA SEMANA
Tekever

Por trás da segurança aérea europeia, há engenharia portuguesa a dar asas.

A Tekever acaba de entrar no clube dos unicórnios, com uma valorização de mais de 1,2 mil milhões de euros. Fundada em 2001 e sediada na UPTEC, esta tech portuguesa é hoje líder europeia em sistemas autónomos para defesa e segurança — e está só a começar.

O que faz a Tekever?

Já voava no  radar da nauta desde novembro de 2024, a  Tekever desenvolve drones com inteligência artificial para missões críticas: vigilância marítima, patrulhas de fronteira e apoio a forças armadas. Os seus sistemas já são usados pela Frontex, Royal Air Force, governo espanhol e até na Ucrânia. Operam em seis países europeus, com centros de engenharia em Portugal, França e Reino Unido.

E agora?

Com uma nova ronda de investimento (de nomes como o NATO Innovation Fund e a Ventura Capital), a Tekever vai investir 470 milhões de euros no Reino Unido e criar 1000 novos empregos. O objetivo? Tornar-se líder global em tecnologia de defesa baseada em IA.

RECOMENDAÇÃO

Sobre o futuro do Trabalho…

Se já te perguntaste porque é que continuamos a ter reuniões matinais que só servem para repetir o óbvio com cara de sono, Adam Grant tem boas notícias para ti. Neste episódio do podcast Meet the Leader, o psicólogo organizacional explica porque está na altura de trocarmos as “melhores práticas” por práticas melhores.

Spoiler: algumas rotinas do teu trabalho podiam muito bem ir parar ao museu. Grant defende que, para prepararmos as nossas competências para o futuro, precisamos de aprender a desaprender — desde o culto da produtividade à antiga até entrevistas de emprego que testam mais os nervos do que o talento. E por falar em talento: é bom que saibas que soft skills como pensamento analítico, flexibilidade e resiliência são cada vez mais requisitos que as empresas procuram.

Vale a pena ouvir (ou ler): nem todos os heróis usam capinhas, mas alguns começam por sugerir uma semana de quatro dias, algo a que ficámos ‘habituados’ nas últimas 2 semanas!

ABC DO DINHEIRO
Demonstração Financeira

Uma demonstração financeira é um relatório contabilístico que apresenta a posição financeira e o desempenho económico de uma organização num determinado período. Pode incluir documentos como o balanço, a demonstração dos resultados, o fluxo de caixa e as alterações no capital próprio. O seu objetivo é fornecer informação útil para a tomada de decisões por gestores, investidores, credores e outros

No adeus desta edição queremos agradecer a todos os nossos leitores pelo apoio constante. Como tal, eis a surpresa prometida: todos os ABCs do Dinheiro foram compilados num só documento que poderás receber na tua caixa de entrada se partilhares a tua nauta com apenas 1 pessoa:

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Meme

As cotações apresentam os resultados semanais dos ativos referenciados. As quatro primeiras são índices que combinam os desempenhos de conjuntos de empresas. O PSI é o índice português, o STOXX600 é o índice das 600 maiores empresas europeias, o S&P500 e o NASDAQ são ambos dos EUA. As seguintes quatro são mercadorias e moedas. EUR/USD é o câmbio entre o euro e o dólar americano, gold é ouro, oil é petróleo bruto e bitcoin é a mais popular criptomoeda (em euros).

As quatro últimas são ações de empresas que tiveram desempenhos notáveis durante a semana. Nesta semana temos PLTR para a Palantir, TSLA para a Tesla, EGL para a Mota-Engil e CTT para os… CTT (sim, adivinhaste).

A nauta é um boletim informativo semanal sobre a atualidade económica, financeira e empresarial, escrita em língua portuguesa. Não é jornalismo nem consultoria financeira, mas uma oportunidade para aprofundares os teus conhecimentos nestes temas e acompanhares o essencial do mundo dos negócios e mercados financeiros.

Escrita por João Ornelas Raínho, Mário de Pinto Balsemão e Nuno Martins.