MERCADOS FINANCEIROS

Praça do Comércio

A notícia mais importante da semana: mais uma vez… Tarifas! 

Sujeitos aos ventos geopolíticos, os mercados financeiros estão completamente dependentes dos devaneios de alguns homens com poder absoluto nos seus países.

Nesta semana, a China mostrou-se disposta a participar em futuras negociações para acalmar a guerra comercial com os EUA, começada por Donald Trump.

Este novo episódio desta novela inverte a tendência da semana passada, em que a China desmentiu totalmente o Presidente dos EUA.

Parece que a China está a controlar a situação? 

É porque está: Beijing tem os trunfos quase todos na mão.

Aliás, para “antecipar” as tarifas os americanos aumentaram as importações enquanto ainda “vão a tempo”. Resultado? O PIB dos EUA contraiu pela primeira vez em 3 anos (0,3%). 

Mesmo assim, a maior economia do planeta continua resiliente e, apesar dos novos empregos terem diminuído em abril (provavelmente devido ao Dia da Libertação), os números do mercado de trabalho nos EUA surpreenderam os analistas.

A Hora da Verdade para a Big Tech: prestaram vassalagem a Donald Trump aquando da sua inauguração, agora sofrem as consequências…

Big Tech (traduzido para português como Grandes Tecnológicas) são as maiores empresas do mundo. São empresas que desde a pandemia têm liderado o crescimento nos mercados financeiros. No entanto… 

O grupo conhecido como as Sete Magníficas (Apple, Microsoft, NVIDIA, Alphabet, Amazon, Meta e Tesla) tem estado aos trambolhões em 2025. As tarifas de Trump não ajudaram. Entre os fundos de investimento, o ouro já é mais negociado do que a Big Tech - não é bom sinal.

Em semana de resultados trimestrais a Microsoft e a Meta, dona do Facebook, superaram as expectativas à boleia da Inteligência Artificial. Assim, não surpreende que a Meta tenha lançado uma app de IA para rivalizar com o ChatGPT da OpenAI.

Se para umas o retorno da IA é suficiente para enfrentar as perdas das tarifas, para outras são precisas medidas mais drásticas: a Apple está a planear transferir a montagem dos iPhones para a Índia, de forma a contrariar a guerra comercial com a China.

E se a Apple e a Amazon continuam resilientes mesmo apesar das tarifas é porque são empresas sólidas, com boa gestão e margens favoráveis. Mas quanto maiores, maior é a queda e as tarifas são perigosas para ambas - que o diga a Amazon que chegou a ter um plano (embora não aprovado) para mostrar os aumentos dos preços devido às tarifas de Trump.

GTA nos mercados mas não nas prateleiras? Já conta com mais de 10 anos em desenvolvimento, mas será preciso pelo menos mais 1 ano para a Rockstar lançar o famoso videojogo Grand Theft Auto VI.

Porque é que isto é relevante para os mercados financeiros?

Porque a Rockstar, criadora da saga GTA, pertence ao grupo Take-Two Interactive Software, uma empresa cotada tanto no NASDAQ como no S&P500. E não estamos a falar de uns troquinhos aqui e ali… A última entrada no franchise, o GTA V, já rendeu mais de 8,5 mil milhões de dólares desde o seu lançamento em 2014.

Agora, com o GTA VI anunciado com data prevista para outono de 2025, a Take-Two adiou para maio de 2026 o lançamento daquele que é talvez o jogo mais esperado de sempre. As ações da empresa, em crescimento desde o início do ano, caíram a pique na sexta-feira.

ECONOMIA

Anjos & Demónios: a economia do Vaticano (Parte I)

Com os olhos postos na eleição que decidirá o próximo Papa, o estagiário da nauta viajou a Roma para compreender de perto o secreto mundo económico do Vaticano.

O Vaticano é o país mais pequeno do mundo, com uma economia que depende de uma combinação de donativos, empresas privadas e investimentos para gerar receitas. A sua economia é envolta em secretismo.

Primeiro, há que distinguir entre duas entidades juridicamente distintas:

• O Estado da Cidade do Vaticano, o território em si, que é governado pela Pontifícia Comissão para o Estado da Cidade do Vaticano.

• A Santa Sé, que além de governar o Estado da Cidade do Vaticano, é também o governo central de toda a Igreja Católica Romana.

A Santa Sé é gerida administrativamente pela Cúria Romana – um conjunto de instituições que funcionam como se fossem os “ministérios” do Papa, o “chefe” da Santa Sé.

A Pontifícia Comissão para o Estado da Cidade do Vaticano é composta por cardeais apontados pelo Papa e é chefiada por uma Presidente, atualmente a irmã Raffaella Petrini.

A Santa Sé e o Vaticano têm, cada um, orçamentos próprios. No entanto, como ambos são geridos pela mesma entidade, os recursos de uma entidade podem ser usados para colmatar défices na outra.

Como é que a Santa Sé faz dinheiro?

A Santa Sé gera rendimentos através do Óbolo de São Pedro, um sistema de doações feitas diretamente à Santa Sé, de investimentos financeiros e de rendimentos patrimoniais.  A Santa Sé paga alguns impostos sobre propriedades não religiosas no território italiano.

Em 2024, as contas da Santa Sé apontavam para um défice de cerca de €83 milhões de euros.

As despesas incluem os gastos de funcionamento da Cúria e do aparelho diplomático: manutenção de dicastérios, salários de funcionários, fundos para caridade, funcionamento de embaixadas, entre outros.

Receitas e Despesas do Estado do Vaticano:

O Estado da Cidade do Vaticano não arrecada impostos diretos da população local, pois não há cidadãos tributáveis. As receitas do Vaticano provém principalmente de:

• Turismo e Museus: Entradas dos Museus Vaticanos e visitas à Basílica de S. Pedro. O Vaticano atrai dezenas de milhões de visitantes anualmente, tornando esta uma fonte essencial de receita.

• Venda de moedas e selos: O Vaticano emite moedas euro comemorativas e selos postais. Uma parte das vendas beneficia o orçamento do Estado.

• Recursos próprios do Património: Rendas de propriedades no interior do Estado (por ex. imóveis alugados).

• Doações ao Vaticano: Pequenas verbas voluntárias de turistas do mundo inteiro.

Quanto às despesas, o orçamento do Estado supre gastos administrativos (dos órgãos governativos), serviços públicos (saúde, correios, segurança), manutenção do património e apoio financeiro à Santa Sé.

Apesar da separação formal, a Santa Sé e a Cidade do Vaticano coordenam-se. Por exemplo, a Administração do Património da Sé Apostólica (APSA) gere ativos da Santa Sé e concede financiamento operacional, e parte desse financiamento vem dos rendimentos do território vaticano.

Isto é demasiado confuso? Olha que ainda não vai a missa a metade… Na próxima semana vamos analisar como é que a Santa Sé investe parte dos seus rendimentos e vamos dar uma olhadela numa instituição envolta em mistério, secretismo e escândalos – o Banco do Vaticano!

ECONOMIA

O Art of the Deal Ucraniano

Após meses de avanços e recuos, Zelensky e Trump assinaram o infame acordo sobre as terras raras.

O acordo económico estabelece um fundo de investimento conjunto para reconstrução e desenvolvimento, após meses de pressões de Donald Trump para que a Ucrânia compensasse Washington pela ajuda militar.

O fundo, gerido igualmente por ambos os países, visa atrair investimentos globais, especialmente no setor de terras raras e recursos naturais, mas sem comprometer a soberania ucraniana sobre esses recursos. 

O acordo não impõe reembolsos da Ucrânia aos EUA, mas também não obriga os EUA a participar ativamente na defesa da Ucrânia. Além disso, não interfere na integração europeia de Kiev, e isenta de impostos os rendimentos do fundo de investimento. Os EUA comprometem-se a fornecer apoio financeiro, tecnológico e de segurança, numa perspetiva estratégica e a longo prazo.

A ACONTECER
Blackstart e fez-se luz

Grande parte de Portugal Continental ficou sem eletricidade durante 12 horas.

Em termos económicos, o Grande Apagão de 2025 poderá afetar ligeiramente o crescimento do PIB de Portugal e Espanha a nível mensal. Os reguladores das telecomunicações, transportes e aviação civil vão agora realizar auditorias ao impacto económico do apagão. 

Contudo, os mercados europeus mostraram pouco impacto, com todos os principais índices em território positivo, provavelmente devido ao aumento exponencial da procura por papel higiénico e latas de atum.

Em Portugal apenas as centrais de Tapada do Outeiro (central a gás) e Castelo de Bode (central hídrica) são capazes de reiniciar o sistema elétrico quando este vai abaixo. E foi através do sistema de blackstart destas centrais que se fez luz em Portugal. 

Face ao transtorno, o Governo decidiu adicionar mais duas centrais com o sistema de blackstart, as hídricas de Alqueva e do Baixo Sabor, o que vai exigir um investimento de 8,4 milhões de euros até 2030. 

Da nossa parte ficam algumas ideias de negócio para futuros apagões.

Rapidinhas

Segundo os dados do INE, o crescimento da economia desacelerou para 1,6% no primeiro trimestre, face a igual período do ano passado. O PIB caiu 0,5% comparando com o quarto trimestre de 2024.

O Estado registou um excedente orçamental de 1.592 milhões de euros até março. A melhoria do saldo em 1.715,8 milhões de euros resultou sobretudo de um crescimento da receita (9,6%) superior ao da despesa (2,9%).

Segundo um estudo da Pordata, os trabalhadores portugueses têm um nível de escolaridade mais elevado do que os empregadores, sendo que cerca de um quarto recebe o salário mínimo.

As famílias com crédito à habitação indexado à taxa variável vão beneficiar de mais uma descida da prestação da casa em maio, caso os seus contratos sejam revistos no próximo mês. O alívio resulta da correção das taxas Euribor em abril.

O banco central do Japão reduziu para metade a previsão para o crescimento da economia do país para 2025, devido ao impacto da guerra comercial. A estimativa anterior previa um PIB de 1,1%.

Os CTT completaram a aquisição da espanhola Cacesa (Compañia Auxiliar al Cargo Expres), num negócio de 106,8 milhões de euros. Esta aquisição avaliou os ativos da Cacesa em 89,1 milhões de euros.

O FMI estima que a dívida pública portuguesa desça para 91,8% do PIB este ano e para 87,9% em 2026. Estas previsões colocam a dívida pública portuguesa abaixo da média da Zona Euro no próximo ano, a qual deverá crescer até 2030 perante a pressão das tarifas nas contas públicas.

A China está a considerar a construção de uma central nuclear na Lua para alimentar a Estação Internacional de Investigação Lunar (ILRS) em parceria com a Rússia, segundo uma apresentação feita por um alto funcionário.

NAUTA DA SEMANA
Oscar

Já imaginaste poderes chamar um canalizador de confiança com a mesma facilidade com que pedes um Uber? Ou marcar uma limpeza profunda sem precisar ouvir um “só tenho vaga daqui a duas semanas”?

O Oscar está aqui para mudar o jogo nos serviços ao domicílio – e já conquistou Portugal e Espanha. Agora, com mais 6 milhões de euros no bolso pré-série A, prepara-se para dar um toque de limpeza ao mercado britânico.

O que é o Oscar?

Lançado há menos de dois anos por João Marques, o Oscar nasceu para trazer qualidade, transparência e sanidade ao mundo das reparações, limpezas, lavandarias e serviços de beleza ao domicílio. Com presença em 17 cidades e um crescimento de 60% ao mês em Espanha, a startup já lidera o setor em Portugal – tudo isso com uma app simples e direta, onde escolhes o serviço, bebes um cafézinho e relaxas enquanto o Óscar trata do resto.

E o futuro?

Expansão total: reforçar equipas em Portugal e Espanha, entrar no Reino Unido ainda este ano e, quem sabe, tornar-se o standard europeu nos serviços ao domicílio. Porque se há coisa que não devia dar trabalho… é pedir ajuda para as coisas que dão trabalho.

RECOMENDAÇÃO

Como lidar com chefes que vivem para o caos?

Se - tal como o nosso estagiário - já sentiste que a tua chefia é mais fã de adrenalina do que de planeamento, este artigo da Harvard Business Review é para ti. Eric Charran descreve o "chefe bombeiro" — aquele líder que parece viver para apagar fogos, mesmo que tenha sido ele a acender o fósforo.

Trabalhar com alguém assim pode ser exaustivo: estás sempre em modo emergência, a tua energia vai-se esgotando e a tua saúde mental sofre. Mas há formas de lidar com esta situação sem te queimares no processo.

O artigo sugere estratégias como celebrar as vitórias da prevenção, manter a calma quando o caos se instala e redirecionar a necessidade de urgência do teu chefe para soluções sustentáveis. A ideia é simples: se não houver incêndio, não há necessidade de heróis.

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