MERCADOS FINANCEIROS

Praça do Comércio

A notícia mais importante da semana: Trump ameaça tarifas de 100% em semicondutores!

Os semicondutores são o pilar da nossa civilização. Simplificando, semicondutores são pequenos circuitos elétricos que funcionam como interruptores lógicos essenciais para qualquer dispositivo que faça computação.

Ou seja, todas as gigantes tecnológicas que produzem hardware (NVIDIA, Tesla, Apple, etc.) dependem da indústria dos semicondutores… que está maioritariamente centrada na Ásia. No Taiwan são fabricados pela TSMC (Taiwan Semiconductor Manufacturing Company) mais de metade dos semicondutores feitos no mundo e 90% dos mais avançados. Os outros países com relevância são a Coreia do Sul (via Samsung Electronics) e a China.

O plano de Trump é simples: aumentar as tarifas em 100% para chantagear as empresas acima mencionadas até que construam fábricas nos Estados Unidos da América (EUA). No papel, até faz sentido. Na prática, falta um ingrediente essencial: mão de obra qualificada para as fábricas!

É que até Biden conseguiu convencer a TSMC a construir uma fábrica no Arizona, usando métodos bem mais simpáticos como o famoso Chips Act, que dava regalias às empresas que investissem nos EUA, mas a falta de mão de obra levou a atrasos que obrigaram a TSMC a levar alguns dos seus trabalhadores de Taiwan para os EUA.

Por agora, o mundo fica a aguardar mais detalhes sobre esta nova ameaça do Presidente dos EUA.

Petróleo bom e petróleo mau? 

A BP diz ter encontrado o seu maior “poço” no Brasil desde os últimos 25 anos, sujeito a mais testes para confirmação. A petrolífera abandona, passo a passo, o seu plano para se tornar neutra em carbono, ambicionando até um novo hub de produção no país.

O petróleo mau é o petróleo russo - Trump aplicou uma nova tarifa “secundária” à Índia por comprar petróleo a Vladimir Putin. Juntando tudo, a Índia estará sujeita a tarifas de 50%!

A doença da indústria farmacêutica: a queda da Novo Nordisk e as novas Tarifas!

Em tempos, a Novo Nordisk foi, de longe, a estrela das bolsas europeias. A farmacêutica dinamarquesa, produtora do famoso medicamento Ozempic que combate diabetes tipo 2 e obesidade, chegou mesmo a ser a empresa mais valiosa dos mercados financeiros na Europa, ficando agora no último lugar do Top 10. O que aconteceu?

A empresa criou um novo medicamento chamado Wegovy, à semelhança do Ozempic, e lançou-o no mercado norte-americano ao preço de 1300 dólares por mês - uns 350 dólares a mais do que o “original”. Não só era mais caro como desta vez tinha competição da farmacêutica americana Eli Lilly que produziu a sua própria versão do Wegovy, vendendo a um preço de 1080 dólares por mês.

Ou seja, a Novo Nordisk agiu como se tivesse um monopólio nos medicamentos para a obesidade, sem ter o monopólio. Os investidores, que andam sensíveis, reagiram:

Agora, com um novo CEO e também um novo fundo de investimento pronto para sujar as mãos para reerguer a farmacêutica, a Novo Nordisk procura voltar a ser a estrela da Europa.

O problema é… Trump. Com a UE a cancelar as suas retaliações após o novo acordo entre a Europa e os EUA, Trump ameaça agora tarifas de 250% na indústria farmacêutica. 

BARÓMETRO DO SUCESSO

OnlyFans

O regresso da rubrica Barómetro do Sucesso surge através de uma empresa peculiar, que tem crescido de forma surpreendente. 

Antes de mais, vamos abordar o elefante na sala. Caso não conheças, o OnlyFans é uma plataforma online que permite que criadores — maioritariamente de conteúdo para adultos — cobrem subscrições aos fãs e ofereçam conteúdos e interações personalizadas. 

O modelo de negócio:

O OnlyFans, criado em 2016, tornou-se num gigante do conteúdo adulto pago, especialmente após o forte crescimento registado durante a pandemia de COVID-19. O modelo de negócio assenta numa comissão de 20% sobre o valor pago pelos utilizadores, o que significa que os criadores ficam com uma fatia maior das receitas do que em plataformas como a Uber. Além disso, por não estar nas lojas de aplicações da Apple ou da Google, o OnlyFans evita pagar as respetivas taxas.

O sucesso financeiro é expressivo: a faturação subiu de 375 milhões de dólares em 2020 para 6,6 mil milhões em 2023, ano em que registou uma margem operacional de cerca de 50%, superior à de muitas grandes plataformas tecnológicas. Atualmente, o OnlyFans conta com mais de 4 milhões de criadores e 300 milhões de fãs.

Com os lucros gerados, o OnlyFans investe mais do que muitos concorrentes em segurança e verificação de identidade, embora com algumas falhas. Exige documentação oficial aos criadores, utiliza tecnologia de verificação de idade e rejeita a maioria das candidaturas para novas contas. Alguns criadores de renome afirmam ganhar muito dinheiro, mas sublinham que o trabalho é exigente e requer uma gestão profissional rigorosa.

Dar um “desconto”:

O OnlyFans está à venda por cerca de 8 mil milhões de dólares, valor muito abaixo das estimativas que, sem a associação ao conteúdo adulto, poderiam superar os 30 mil milhões. Apesar de margens operacionais de 50% e crescimento sustentado desde a pandemia, o “desconto” aplicado a empresas do setor afasta investidores institucionais e reduz o seu valor de mercado.

A plataforma enfrenta riscos regulatórios e reputacionais devido a alegações de conteúdo ilegal e tráfico sexual, além de multas por falhas na verificação de idade. Soma-se a concorrência de novos sites, da pornografia gerada por inteligência artificial e da concorrência de redes sociais como o X (antigo Twitter). A IA, contudo, também pode reforçar a moderação, a verificação de idade e a ligação com subscritores.

Com apenas 41% das receitas vindas de subscrições e o restante de transações pontuais, a estrutura de faturação é algo volátil. Ainda assim, se o estigma do setor diminuir, a compra do OnlyFans por “apenas” 8 mil milhões poderá ser um negócio altamente rentável.

A ACONTECER

🤖📺 A Amazon investiu secretamente na "Netflix da Inteligência Artificial”, a startup Fable que lançou a aplicação Showrunner que permite a uma comunidade criar as suas próprias séries via IA generativa.

📈💸 A gigante da IA, OpenAI, está a apontar para uma nova avaliação de 500 mil milhões de dólares através da venda de ações por parte dos trabalhadores. Ao mesmo tempo, a OpenAI lançou o novo modelo de IA, GPT-5, com capacidades de “especialistas doutorados” e gratuito para todos os utilizadores do ChatGPT. Musk está a preparar o lançamento do Grok 5 como resposta.

Rapidinhas

As candidaturas ao programa E-Lar, para a obtenção de apoios à troca de fogões, fornos e esquentadores a gás por equipamentos elétricos, arrancam a 30 de setembro.

As startups e scaleups nacionais já levantaram 577 milhões de euros até meados de julho, valor acima do captado em todo o ano passado.

Segundo os dados da Pitchbook, o investimento americano é o maior da década e representa 78,5% (437,8 milhões de euros) do montante captado este ano pelas empresas portuguesas no mercado de capital de risco.

Esta quinta-feira, o Banco de Inglaterra reduziu a taxa de juro diretora em 25 pontos base, para 4%.

A UPTEC – Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto lançou um programa de workshops gratuitos, School of Startups: Get Funded, para ajudar startups a captar investimento.

Segundo um estudo da Deloitte, mais de metade dos jovens portugueses teme chegar à idade da reforma sem estabilidade financeira.

O Spotify vai ficar mais caro. Os novos preços já estão disponíveis no site da plataforma. Os planos Individual e Estudante não vão sofrer alterações.

NAUTA DA SEMANA
Bling Energy

A startup portuguesa levantou 15 milhões de euros da BlueCrow Capital para escalar o seu modelo de energia solar por subscrição. A missão? Chegar a mais 3 mil lares com soluções que combinam painéis solares e baterias, tudo isso sem dramas e com zero chamadas para os pais a perguntar onde fica o quadro elétrico.

🌞 Energia solar, mas make it easy

Com planos de subscrição de até 20 anos e instalações sem complicações, a Bling quer tirar a transição energética do PowerPoint e trazê-la para o telhado — literalmente, tendo como objetivo solarizar Portugal, casa a casa. É energia limpa, com impacto real, pensada para quem quer fazer parte da mudança mas não tem tempo (ou paciência) para chamadas de 45 minutos com operadoras.

💸📈 De promessa a potência

Depois de um primeiro investimento de 1 milhão de euros em 2023, uma parceria gigantesca bem estabelecida e mais 2 milhões de euros arrecadados em 2024, a Bling mostra que veio para ficar. Para o CEO Bernardo Fernandez, esta nova ronda é “mais do que capital” — é o resultado de um percurso com visão, disciplina e impacto. Já a BlueCrow diz apostar em negócios com futuro. E convenhamos: entre pagar para ver séries em streaming ou para gerar a própria energia, talvez esteja na hora de dar uma chance ao Sol.

RECOMENDAÇÃO

Trabalhar? No verão é para o Bronze!

Não consegues desligar totalmente nas férias? Este artigo da HBR tem a receita para trabalhares o mínimo e bronzear-te o máximo. Aprende a evitar cinco erros clássicos: não avisar que estás fora (não és espião!), caçar emergências, prender-te a reuniões, meter o nariz em assuntos não urgentes e deixar horários ao Deus-dará. Menos drama, mais caipirinhas — lê o artigo e salva o teu descanso.

ABC DO DINHEIRO
Corretora