MERCADOS FINANCEIROS

Praça do Comércio

A notícia mais importante da semana: o melhor setembro de que há memória?

Setembro é o mês que marca o final do verão e a entrada no outono. É o regresso à escola e, para muitos, o regresso ao trabalho também. Por isso, não é surpreendente que seja um mês mais… “negativo” do que os outros.

Como escrevemos na edição de 6 de setembro este mês é historicamente o pior mês para os mercados financeiros, no entanto nessa edição já se previa que neste ano a história seria diferente!

E foi! Os índices bolsistas norte-americanos S&P500 e NASDAQ tiveram o melhor setembro desde 2010.

Muitas são as razões, mas as principais são:

• o corte nas taxas de juros da Reserva Federal dos Estados Unidos da América (EUA);

• os bons resultados das ações norte-americanas no contexto da Inteligência Artificial (IA).

Mas se setembro foi bom, o que esperar de outubro?

Entre o “encerramento” da Administração dos EUA e o potencial para novas negociações de paz no Médio Oriente, é difícil prever bons ou maus resultados. Volatilidade é a única certeza.

Como vencer o jogo do Monopólio? (segundo a Google):

No início de setembro, a Comissão Europeia atacou a Alphabet (empresa dona da Google) por práticas monopolistas ao mesmo que tempo que um juiz federal dos EUA “perdoou” a gigante tecnológica porque: “a revolução da IA pode levar à queda do monopólio da Google”.

Seria de esperar um mês mau para a Alphabet, mas lá está - setembro surpreendeu pela positiva!

A Alphabet ($GOOGL) apresentou resultados muito positivos com as receitas da cloud a subirem 35% por comparação ao passado. No total, a receita aumentou 15% até agora.

Sim, o monopólio nos motores de busca até pode estar em questão, mas as suas receitas não!

A última cartada do melhor investidor de sempre? Warren Buffett compra OxyChem por 9,7 mil milhões de dólares!

A Berkshire Hathaway, do lendário investidor Warren Buffett, que com 95 anos está em vias de abandonar a liderança, comprou a OxyChem - uma divisão da Occidental Petroleum. O negócio, à volta dos 9,7 mil milhões de dólares, deverá ser fechado neste trimestre.

EMPRESAS

Berlusconi e Balsemão entram num bar…

A família Berlusconi pode fazer uma entrada em grande nos media portugueses.

A Impresa, dona da SIC e do Expresso, confirmou estar em negociações com o grupo italiano MediaForEurope (MFE), controlado pela família Berlusconi (sim, esse Berlusconi), para a venda de uma participação relevante. A operação, que poderá passar por uma OPA até ao final do ano, poderá abranger todo o grupo ou apenas a área televisiva e a plataforma Opto.

As ações da Impresa dispararam mais de 100% após saírem rumores de negociações com a MFE, levando a CMVM a suspender temporariamente a negociação.

A empresa atravessa graves dificuldades financeiras: registou prejuízos de 66,2 milhões em 2024 e perdas de 5,1 milhões no 1.º semestre de 2025, com a dívida a aumentar para 148,2 milhões. Tentativas de venda de ativos, como a sede em Oeiras, não tiveram sucesso.

Se a compra se concretizar, a família Balsemão (da qual um dos nossos co-fundadores não faz parte) passará a acionista minoritária, contrariando a posição histórica de Francisco Pinto Balsemão contra a perda de controlo do grupo.

O MFE, que já opera em Itália, Espanha e Alemanha, ambiciona criar um grande operador pan-europeu de media, reforçando a sua presença no mercado português.

ECONOMIA

Anda investir, tu investes bem

As Contas de Poupança e Investimento (CPI) são uma nova solução criada pela Comissão Europeia (CE) para facilitar o acesso dos pequenos investidores a produtos financeiros como ações, obrigações e fundos, com incentivos fiscais e custos reduzidos.

Estas contas devem estar brevemente disponíveis em Portugal e serão oferecidas por instituições financeiras autorizadas, proporcionando uma experiência simples e segura para quem pretende diversificar a poupança, aproveitando benefícios fiscais e maior rentabilidade face aos depósitos bancários tradicionais.

A CE definiu recomendações para as CPI, mas cabe a cada Estado-Membro decidir como implementar e regulamentar estas contas de acordo com as suas prioridades e contexto nacional.

A ACONTECER

A OpenAI vendeu 6,6 mil milhões de dólares em ações de colaboradores, atingindo uma valorização recorde para uma empresa privada - 500 mil milhões. A operação não trouxe fundos diretos para a empresa, mas reforça a retenção de talento numa altura de forte concorrência da Meta. A OpenAI mantém um ritmo acelerado de inovação, com lançamentos como o Sora 2 e uma nova rede social, registando 4,3 mil milhões em receitas no primeiro semestre de 2025.

O LUS-222, o avião português de uso civil e militar desenvolvido no âmbito da agenda mobilizadora do PRR Aero.Next, já selecionou todos os fornecedores de peças. A engenharia é 100% nacional e está a cargo do polo do CEiiA – Centro de Engenharia e Desenvolvimento, em colaboração com a Universidade de Évora e a Agência Europeia para a Segurança da Aviação (AESA). Com um investimento próximo dos 250 milhões de euros, o projeto irá empregar até 200 engenheiros durante a fase de desenvolvimento.

A NVIDIA está a participar no consórcio português para trazer uma gigafábrica de IA para Sines, com 100 mil chips avançados. O consórcio, que está a ser construído pelo Banco de Fomento, envolve um projeto co-financiado pela Comissão Europeia, em regime de PPP, que poderá chegar aos 4 mil milhões de euros. Portugal irá competir com outros Estados‑membros para tentar captar uma das cinco gigafábricas de IA.

A Workfully, uma plataforma digital de recrutamento sediada em Barcelona, anunciou uma ronda de financiamento seed superior a 4 milhões de euros. A ronda foi liderada pela Shilling VC, com o apoio contínuo (desde 2023) da Indico Capital Partners, Pitchdrive e Secways. Com o novo financiamento, a empresa irá expandir-se para a Irlanda, Alemanha, Benelux e países nórdicos. Também irá continuar a construir a primeira plataforma de monetização com tecnologia de IA para recrutadores.

Rapidinhas

A União Europeia está a pressionar o Governo para eliminar o desconto fiscal no Imposto sobre Produtos Petrolíferos (ISP). A subida no preço dos combustíveis deverá ser inevitável, mas o Governo diz que a redução do desconto será gradual.  

Os credores da Siavilo (antiga TAP SGPS) aprovaram a liquidação da empresa, uma vez que deixou de ter atividade depois dos seus últimos ativos terem sido vendidos à TAP.

O OE2026 será construído por programas, que terão objetivos, indicadores e metas. 

Segundo o Eurostat, o desemprego em Portugal aumentou (ligeiramente) em agosto para 6,1%. Continua abaixo da média de 6,3% da Zona Euro, mas acima dos 5,9% da UE.

O Instituto Mais Liberdade produziu o Ranking de Competitividade Municipal, um índice que compara a atratividade e qualidade de serviços e infraestruturas de 186 municípios em Portugal.

O primeiro-ministro anunciou que Portugal vai manter a ajuda financeira à Ucrânia, com um apoio de, pelo menos, 220 milhões de euros, em 2025.

A Fitch, a Moody's e a S&P elevaram as suas avaliações de crédito para Espanha. A economia espanhola continua a superar os seus pares europeus, com perspetivas favoráveis de crescimento e melhorias no mercado de trabalho.

A Shein prepara-se para inaugurar as suas primeiras lojas permanentes em França. Os retalhistas do país temem as consequências no mercado.

A UE quer simplificar as comunicações de informação orçamental dos Estados-Membros, através de um mecanismo de supervisão orçamental. 

NAUTA DA SEMANA
Feedzai

A Feedzai, fundada em Coimbra por Nuno Sebastião, Pedro Bizarro e Paulo Marques, voltou a acelerar como se ainda estivesse em modo startup: levantou cerca de 75 milhões de dólares (64 milhões de euros) e  saltou para um avaliação acima dos 2 mil milhões. Tudo isto no mesmo dia em que o Banco Central Europeu lhe ‘entregou a chave’  do cofre digital: foi a escolhida para prevenir fraudes no euro digital, num contrato que pode chegar aos 237 milhões de euros. Nada mau para uma antiga nauta da semana.

📦 Aquisição estratégica antes da descolagem

A nova valorização acontece poucos meses depois de a Feedzai ter comprado a australiana DemystData, em abril de 2025, por cerca de 100 milhões de dólares. A Demyst é especialista em acesso a dados externos para IA,  algo que a Feedzai quer dominar de ponta a ponta.  Segundo o CEO, esta aquisição marca a transição “de consumidora de dados para fornecedora de dados”, reforçando a plataforma com tecnologia para risco, compliance e prevenção de fraude.

🔐 Do multibanco ao euro do futuro

Com esta ronda e o contrato do BCE, a Feedzai está pronta para proteger tudo o que envolva dinheiro digital, incluindo formas de pagamento que ainda nem têm nome. Como sublinha Nuno Sebastião, a missão é garantir que qualquer transação, presente ou futura, é “confiável e adotada de forma segura”. No lado dos investidores, juntaram-se agora Lince Capital, Iberis Capital e Explorer Investments aos já veteranos Oxy Capital e Buenavista. Todos confiam que a Feedzai vai continuar a apanhar fraudes… antes de elas sequer imaginarem abrir um Excel.

RECOMENDAÇÃO

Among Us Feelings: A Caça ao Impostor Interior 

Sentires que estás a enganar toda a gente no trabalho? Relaxa, não é bruxedo,  é só síndrome do impostor, e não és o único membro deste clube. Há quem ache que vai acordar um dia com um e-mail a dizer “descobrimos tudo, boa sorte na agricultura biológica”, mas afinal há soluções (e não envolvem mudar de país).

Este artigo dá 10 passos para lidares com essa voz irritante que vive numa renda moderada na tua cabeça. Desde parar de achar que sentir-se burro significa sê-lo, até aprender a “fingir que sabes” com a confiança de quem entrou no Zoom sem câmera por opção e não por trauma.Se já pensaste “e se descobrem que não faço ideia do que estou a fazer?”, boas notícias: pensar como impostor é o verdadeiro problema. O resto são… outras paradas.

ABC DO DINHEIRO
Obrigações do Tesouro