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As Bolhas que Ameaçam a Tua Carteira
+os resultados da NVIDIA, as vendas da Tesla e o efeito da Taylor Swift nos mercados!
30 de Agosto de 2025

Boa tarde, coisinha sexy!
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Nesta semana escrevemos sobre a bolha dos ETFs, sobre os resultados da NVIDIA e sobre o efeito da Taylor Swift nos mercados.
Vamos lá!
PSI -2,08% | STOXX600 -1,69% | S&P500 0,032% | NASDAQ -0,13% |
EUR/USD 0,61% | OURO 3,04% | CRUDE 0,34% | BITCOIN -2,11% |
NVDA -2,32% | TSLA -1,45% | AAPL 2,53% | EDPR -3,28% |
Dados obtidos às 12:00 do dia 30 de agosto de 2025. Definições no final da nauta.
MERCADOS FINANCEIROS
Praça do Comércio

A notícia mais importante da semana: a bolsa francesa volta a fazer das suas!
Nada assusta mais os investidores do que a incerteza. Pior, só mesmo incerteza vinda da França.
O Primeiro-Ministro François Bayrou anunciou uma moção de confiança (a votos no dia 8 de setembro) para passar as medidas de austeridade do Governo Francês que levarão a cortes de 44 mil milhões de euros no orçamento estatal. Os três principais partidos da oposição já declararam que não votariam a favor da moção de confiança, pelo que o Governo poderá colapsar. Os mercados reagiram.
A bolsa de Paris, CAC 40, escorregou 2,85% nesta semana. O medo contagiou outras grandes bolsas da Europa.
A Rainha do Baile da Inteligência Artificial (AI): os resultados trimestrais da NVIDIA!
Como já antes escrevemos, graças à revolução da Inteligência Artificial, a NVIDIA é um dos pilares da nova economia mundial. Consequentemente, é a maior empresa cotada do mundo, mas as previsões para o futuro já foram melhores.
No primeiro trimestre de 2025, a NVIDIA teve resultados trimestrais positivos e as receitas aumentaram (para 44 mil milhões) de forma alinhada com as expectativas do mercado, mesmo com o crescimento a ter abrandado imenso.
Agora, no segundo trimestre, os lucros cresceram 59% (com as receitas a chegarem aos 46 mil milhões). No entanto, as receitas provenientes de data centres ficaram aquém das expetativas dos investidores.
Com o crescimento das vendas a desacelerar, naquela que é a empresa pilar da indústria da IA, os receios de uma bolha estão a ganhar credibilidade.
Olho no fogão: a Tesla continua a levar goleada da chinesa BYD!
Escrevemos, no final de 2024, que a rivalidade da Tesla com a BYD iria marcar 2025. Agora, enquanto as vendas de veículos elétricos aumentam na Europa, as vendas da Tesla caíram 40% enquanto que a BYD triplicou as suas vendas…
Em Portugal, a tendência é a mesma. A BYD já é a terceira maior vendedora de carros elétricos (vendendo cada vez mais) e a Tesla vende cada vez menos.
Marcas são marcas e a marca da Tesla é o seu CEO, Elon Musk. A sua atividade política manchou (e continua a manchar) a Tesla, especialmente na Europa. Entretanto a BYD continua a vender carros mais baratos do que a Tesla, em cada vez mais sítios do mundo. E é esse o segredo do mercado dos carros elétricos: preços mais baixos.
Entretanto, um juiz federal de São Francisco viabilizou um processo coletivo (por parte de clientes da Tesla) à própria Tesla por alegações exageradas em relação à capacidade dos seus veículos para se conduzirem sozinhos (self-driving).
Quem semeia ventos, colhe processos coletivos?
INVESTIMENTOS
A bolha da diversificação
No mercado americano, já existem mais ETFs do que ações individuais.
Nos EUA, os ETFs (cabazes de várias ações que podem ser negociados na bolsa) bateram um recorde histórico: já há mais ETFs do que ações individuais listadas. Estamos a falar de mais de 4.300 ETFs contra cerca de 4.200 ações, um verdadeiro sinal da popularidade deste tipo de investimento.
O motivo é simples: os ETFs democratizaram o acesso ao mercado bolsista. Hoje, qualquer pessoa consegue diversificar a carteira sem precisar de ser um especialista, e a sua presença no mundo financeiro passou de 9% para 25% em apenas uma década.
Mas atenção: ter mais opções nem sempre é boa ideia. Existe o chamado “paradoxo da escolha”. Com tantos ETFs disponíveis, desde fundos de empresas individuais a estratégias super específicas ou diferentes classes de ativos, é fácil sentires-te perdido. A abundância de opções pode deixar qualquer investidor indeciso, ou até paralisado.
No fundo, os ETFs oferecem liberdade e personalização, mas também pedem responsabilidade. O truque é perceber bem o que cada fundo oferece e como se encaixa na tua carteira.
O incrível número de ETFs, quando comparado com o número de ações individuais, levanta algumas questões. A principal delas é como é que há mais cabazes do que produtos?
Pelo menos desde 2019, esta questão paira sobre o lendário investidor Michael Burry, representado pelo ator Christian Bale no filme The Big Short (2015), que argumenta tratar-se de uma bolha dos “investimentos passivos”. Burry tornou-se famoso por ter “adivinhado” o colapso do mercado imobiliário norte-americano que levou à crise global de 2008.
ECONOMIA
Espanholização do mercado
Os nuestros hermanos estão por todo o lado.
Espanha é o maior investidor direto e principal parceiro comercial de Portugal, responsável por cerca de 27% das exportações e mais de 30% das importações nacionais.
As empresas espanholas têm um peso enorme em Portugal: desde a banca (Santander ou BPI), à energia (Repsol, Cepsa, Endesa) e até ao retalho (Zara, Mercadona). Entre as 50 maiores empresas a operar por cá, sete vêm da Espanha. Já o contrário? Só a Galp e a EDP se destacam por lá.
E não é só no dia a dia: os espanhóis também marcam presença no capital das nossas cotadas. A família Masaveu, Amancio Ortega e a Inditex têm posições relevantes na EDP, REN, CTT e Sonae. Ou seja, estão por toda a linha, e este domínio tende a ser maior do que o que é oficialmente divulgado.
Por outro lado, entrar no mercado espanhol não é fácil para os portugueses. Barreiras culturais, burocráticas e processos mais complexos em concursos públicos tornam tudo mais lento. Mesmo grandes projetos, como os da Altri ou Bondalti, enfrentam anos de espera e autorizações complicadas.
A realidade é clara: os espanhóis têm dimensão, investimento e integração cultural a seu favor. Nós, do lado português, temos de apostar na adaptação e presença local para fazer jus ao potencial do nosso mercado vizinho. Mas há espaço — e oportunidades — para crescer, se jogarmos bem o jogo.
A ACONTECER
💡 O efeito Taylor Swift nos mercados:
Taylor Swift anunciou o noivado com Travis Kelce e os mercados reagiram rápido.
Apostadores em festa:
No Kalshi: €220 mil movimentados com apostas sobre o noivado.
No Polymarket: um utilizador lucrou mais de €300 mil.
Impacto no mercado de ações:
Destaque para Signet Jewelers, Ralph Lauren e American Eagle, cujas ações foram impulsionadas pelo anúncio.
Rapidinhas
A agência de notação financeira, Standard & Poor’s (S&P), subiu o rating de Portugal para A+. A dívida portuguesa está melhor classificada que a de Espanha ou Itália…
Em reunião de Conselho de Ministros, o Governo de Timor-Leste aprovou um donativo de 8,6 milhões de euros para apoiar Portugal na recuperação dos danos causados pelos incêndios.
O Governo falhou o prazo para designar uma entidade nacional reguladora da IA. Os países da UE tinham até o dia 2 de agosto para notificar a Comissão Europeia da entidade escolhida. Semanas depois, não se sabe se já existe ou não uma entidade designada.
Segundo o Banco Central Europeu, Portugal registou um dos rácios de transformação de depósitos em crédito mais baixos da Zona Euro no primeiro trimestre, fixando-se em 64%. Ou seja, por cada 10 euros, apenas 6,4 euros foram concedidos em empréstimos pelos três maiores bancos nacionais.
Segundo um estudo da Nickel e DATA E, metade dos portugueses não sabe quanto paga em comissões bancárias nem consulta o preçário. O valor médio das comissões apresenta diferenças regionais significativas e 60% considera esses custos demasiado elevados.
O dinheiro aplicado em Certificados de Aforro superou os 38 mil milhões em julho, pela primeira vez em 27 anos, segundo o Banco de Portugal.
O crédito ao consumo em Portugal subiu 13,4% em junho, para 726 milhões de euros. Em destaque estão os créditos pessoais (+14,3%) e créditos automóvel (+12,4%) face a 2024. Os especialistas alertam para a necessidade de cautela devido à inflação e instabilidade económica.
A TAP fechou o primeiro semestre com prejuízos de 70,7 milhões de euros.
A SpaceX de Elon Musk voltou a ter sucesso num voo de teste do Starship, o foguete programado para levar astronautas da NASA à Lua já em 2027.
A Intel, empresa que na qual a administração norte-americana tem um participação recentemente adquirida, esteve envolvida com empresas chinesas sancionadas pelos EUA.
A xAI de Musk está a processar a Apple e a OpenAI por esquemas para suprimir a competição nos setores dos smartphones e IA.
NAUTA DA SEMANA
Agentifai pelos CTT
A empresa postal portuguesa participou na ronda de financiamento da Agentifai, tecnológica de Braga que desenvolveu um assistente de voz e chat com inteligência artificial, com objetivo de tornar o atendimento ao cliente mais rápido, humano e eficiente.
✉️ Selo bracarense
Fundada por Rui Monteiro Lopes, a Agentifai começou há quase uma década com a Alice - uma assistente de voz capaz de entender a linguagem natural (referência à wonderland). Hoje, automatiza mais de 55% das interações em setores como a saúde e a banca, já soma 4 milhões de utilizadores e garante reduções de custos de até 50% para hospitais e bancos.
📦 Entrega com aviso de inovação
O investimento dos CTT foi feito através do fundo de inovação 1520 Startup Program, que apoia startups em áreas como logística, e-commerce e fintech. Depois de lançarem o chatbot Helena, os CTT reforçam agora a aposta em IA conversacional — para um futuro com menos filas e menos “carregue na tecla 9”.
🗺️ Histórico de entregas
Vale lembrar que não é a primeira vez que a Agentifai levanta capital: em 2022 captou 10 milhões de euros numa ronda para expandir na Europa e EUA. Com os CTT ao lado, a viagem continua — e da próxima vez que ligares para o banco ou para o hospital, há boas hipóteses de seres atendido pela Alice.
RECOMENDAÇÃO
Swipe right: guia para a tua startup conquistar investimento
Levantar capital não é só largar um pitch-deck cheio de emojis e esperar que chova dinheiro. Encontrámos um artigo que mostra alguns aspetos que também deves considerar como validações de mercado, equipas sólidas e saber escolher entre bootstrapping, business angels, fundos ou aquele tio que ainda acha que a tua app é “um site”. Se queres que os investidores apostem em ti e não fujam para à primeira chamada, este guia é leitura obrigatória.
ABC DO DINHEIRO
Agente Económico
Agente económico é um indivíduo ou entidade que intervém na atividade económica, desempenhando, pelo menos, uma função económica. Um agente económico pode ser um consumidor individual que adquire bens e serviços, uma empresa que organiza os fatores de produção para gerar rendimentos, ou um trabalhador que fornece a sua mão de obra num processo de produção. Os principais agentes económicos são: as famílias, as empresas privadas, e as organizações públicas.
No adeus desta edição queremos relembrar-te do nosso questionário. A tua opinião é fundamental para podermos melhorar a tua nauta, podes preencher o nosso questionário anónimo através deste link: https://forms.gle/EDiE97xuwo3r4Dti8
Qualquer feedback construtivo é muito bem vindo em
[email protected]!
Memes


As cotações apresentam os resultados semanais dos ativos referenciados. As quatro primeiras são índices que combinam os desempenhos de conjuntos de empresas. O PSI é o índice português, o STOXX600 é o índice das 600 maiores empresas europeias, o S&P500 e o NASDAQ são ambos dos EUA. As seguintes quatro são mercadorias e moedas. EUR/USD é o câmbio entre o euro e o dólar americano, ouro e crude dizem respeito aos contratos contínuos de ambos, e bitcoin é a mais popular criptomoeda (em euros).
As quatro últimas são ações de empresas que tiveram desempenhos notáveis durante a semana. Nesta semana temos NVDA para a NVIDIA, TSLA para a Tesla, AAPL para a Apple e EDPR para a EDP Renováveis.
A nauta é um boletim informativo semanal sobre a atualidade económica, financeira e empresarial, escrita em língua portuguesa. Não é jornalismo nem consultoria financeira, mas uma oportunidade para aprofundares os teus conhecimentos nestes temas e acompanhares o essencial do mundo dos negócios e mercados financeiros.
Escrita por João Ornelas Raínho, Mário de Pinto Balsemão e Nuno Martins,
com a colaboração de Cristina Berenguer.