MERCADOS FINANCEIROS

Praça do Comércio

A notícia mais importante da semana: Israel e Irão em guerra!

O Médio Oriente continua a cair na espiral da guerra, transformando-se agora o conflito entre Israel e Irão, tradicionalmente ao estilo de “guerra fria”, numa guerra “quente”.

A história é longa - alguns dirão milenar - por isso aqui fica o resumo da última semana: o Irão pretendia aumentar a produção de urânio enriquecido (útil para reatores e bombas nucleares) e Israel interpretou essa pretensão como uma ameaça existencial. Assim, Israel lançou na sexta-feira um ataque, via múltiplos mísseis, a vários pontos estratégicos do Irão, com o objetivo de “decapitar” a liderança do desenvolvimento militar e nuclear do Irão. O Irão retaliou.

A situação continua a escalar, minuto a minuto.

Na quinta-feira, com a antecipação do iminente conflito, as bolsas começaram a escorregar. Na sexta-feira, com a confirmação do pior cenário possível, os mercados financeiros caíram. Exceto, claro, as empresas de defesa militar como a Lockheed Martin e Palantir (+3,66% e +1,63% na sexta-feira, respetivamente)…

Petróleo, sempre o Petróleo: conflito no Médio Oriente? O valor do ouro negro dispara!

É uma história tão antiga como todas as outras, mas o mais importante é o que acontece depois. Se o conflito continuar, os preços podem chegar aos 90$ dólares por barril, estimam alguns analistas.

Mayday: a queda do Air India Flight AI171.

Foi o primeiro incidente fatal de um Boing 787 Dreamliner, momentos depois da descolagem em Ahmedabad, na Índia. Pelo menos uma caixa negra já foi encontrada, pelo que no futuro haverá uma explicação para o que aconteceu. Já se iniciaram investigações à frota de Boeing 787s da Air India. As ações da Boeing caíram ao longo da semana (-5,16%).

ECONOMIA

Drones e Economias em tempo de guerra

O nosso estagiário armou-se em José Milhazes e foi explorar as fragilidades da economia russa.

No início de junho, a Ucrânia lançou um ataque sem precedentes contra bases aéreas profundas no interior da Rússia, utilizando 117 drones, que custam menos de mil dólares cada. Lançados a partir de contentores ocultos em camiões, os drones contornaram as defesas antiaéreas russas e danificaram 41 bombardeiros russos, em bases aéreas desde Murmansk (perto da Finlândia) a Irkutsk (no interior da Sibéria), causando danos estimados em 7 mil milhões de dólares.

Os drones foram eficazes, mas a Rússia está exposta a uma ameaça ainda maior: o colapso da sua economia. Desde o final de 2024, a economia russa tem vindo a desacelerar significativamente, passando de um crescimento anualizado de cerca de 5% para perto de zero. Após três anos de expansão impulsionada pela militarização, altos preços das matérias-primas e forte investimento público, a chamada "transformação estrutural" da economia de guerra parece ter acabado. Este abrandamento é agravado por uma política monetária agressiva, com taxas de juro a 21% (!) para conter uma inflação persistente, e por condições externas desfavoráveis, como a queda do preço do petróleo e o abrandamento económico da China.

Putin consegue vislumbrar uma possível saída do fundo do poço – o alívio das sanções* após um cessar-fogo na Ucrânia.  Trump já manifestou abertura neste sentido. Mas o que Putin precisa é do alívio das sanções europeias. Enquanto o comércio entre russos e americanos é relativamente reduzido, a economia russa depende da boa vontade da Europa para comprar petróleo, gás e outros recursos, para aceder a tecnologia, investimento estrangeiro, sistemas bancários internacionais; e também para receber os seus oligarcas endinheirados.

Enquanto a Europa mantiver as sanções e o congelamento de ativos financeiros russos, a Rússia está numa posição de vulnerabilidade. E, mesmo que Trump levante as sanções americanas sobre a Rússia, será que os europeus podem se dar ao luxo de fazer o mesmo? Isso seria cometer os erros do passado, arriscando confiar num regime que ameaça diretamente as fronteiras europeias.

Considerações económicas à parte, o exército russo prepara uma nova ofensiva contra o país europeu que, desde 2014, ocupa ilegalmente.

CRISE NA HABITAÇÃO

Façam o que eu não fiz

A UE está a concertar uma estratégia para combater a crise na habitação.

António Costa afirmou que a Comissão Europeia (CE) irá desenvolver, até ao final do ano, um plano estratégico para combater a crise na habitação; e que disponibilizará fundos comunitários para ajudar os Estados-membros.

Bruxelas já apresentou um plano de recomendações para Portugal em cinco eixos:

1. Maior regulamentação dos arrendamentos turísticos de curta duração (AL) em zonas sob pressão;

2. Controlo de rendas para as famílias mais carenciadas;

3. Mobilização de imóveis vazios;

4. Aceleração das licenças para construção e avaliação das necessidades de construção de habitação social e a preços acessíveis;

5. Melhoria da rede de transportes públicos para agilizar os movimentos de casa-trabalho/trabalho-casa, libertar a pressão dos centros das cidades e aumentar a atratividade de outras zonas.

Para a CE, medidas como benefícios fiscais e garantias públicas, para ajudar os jovens a aceder à propriedade não são suficientes. Contudo, este relatório está a gerar descontentamento entre alguns economistas e proprietários.

A ACONTECER

💸 🏛️ O fim da novela - O fundo americano Lone Star anunciou a venda da totalidade do Novobanco ao Groupe BPCE, o segundo maior grupo bancário francês, por 6,4 mil milhões de euros. O BPCE manterá a marca Novobanco, o CEO Mark Bourke e garantiu que não haverá despedimentos. A Lone Star detém 75% do Novobanco, com os restantes 25% a pertencerem ao Estado português, que vai recuperar cerca de 2 mil milhões de euros com a venda.

💾 💦 Data Center, pouca água -  Vai ser construído um data center na pequena cidade de  Caucaia, no Brasil, para servir o TikTok. A localização foi escolhida para aproveitar a energia barata, incentivos fiscais e a proximidade com cabos submarinos. Avaliado em 8,5 mil milhões de euros (55 biliões de reais), promete criar emprego, mas consome enormes quantidades de água e energia - o que levanta sérias preocupações em regiões já afetadas por secas. No Brasil, cinco dos 22 projetos de data center em análise situam-se em cidades com escassez hídrica. A Agência Internacional de Energia prevê que o consumo energético dos data centers duplique até 2030.

Rapidinhas

O INE confirmou a subida da inflação para 2,3% em maio. A subida do Índice de Preços no Consumidor (IPC) foi suportada pelos aumentos dos produtos energéticos e pelos produtos alimentares não transformados.

Segundo o Instituto Ifo (Institute for Economic Research), o PIB da Alemanha deverá subir 0,3% este ano e 1,5% em 2026.

O Banco Mundial alerta que esta década (2020-2030) poderá registar o crescimento mais fraco dos últimos 60 anos. Este ano, o crescimento global será de 2,3%. A tendência está em linha com as previsões do FMI e da OCDE. 

A Comissão de Proteção de Dados da Irlanda penalizou a Meta (dona do Facebook) com multas de 251 milhões de euros por uma violação de dados dos seus utilizadores em 2018.

NAUTA DA SEMANA
Voltrac

Trator elétrico e autónomo cultiva tomates de dia e leva munições à linha da frente à noite.

Se o Mad Max tivesse feito Erasmus em Valência e estudado agronomia, provavelmente teria fundado a Voltrac. A startup espanhola, criada por um ex-Google X e um engenheiro aeroespacial com raízes no campo, acabou de levantar 2 milhões de euros numa ronda liderada pela FoodLabs e pela Antler, para lançar um trator autónomo e elétrico — uma máquina de 3,5 toneladas capaz de tratar culturas agrícolas... ou reabastecer soldados em plena guerra. Sim, leste bem.

O que é a Voltrac??

A Voltrac, fundada em 2024, está a desenvolver um “redesign de primeira linha” — um trator pensado de raiz para ser modular, autónomo e definido por software. As primeiras entregas estão previstas para o início de 2026.

Como? 🧠 Mais cérebro, menos trambolho!

O trator da Voltrac não tem cabine nem mudanças. Tem software. Tem sensores. Tem um sistema de machine learning que vai aprendendo com o terreno. E, ao contrário da maioria dos tratores convencionais, reduz em 70% o número de peças, graças à motorização elétrica e arquitetura modular, o que resulta numa menor manutenção, menos quebras e idas ao mecânico, e mais produtividade. A máquina trabalha até 20 horas seguidas, anda a 40 km/h e pode carregar 4.000 kg — o equivalente a muitos sacos de batatas ou alguns tanques de energia portátil para os aliados.

Durante o dia, é agricultor. Regista a saúde das plantas, ajusta fertilizantes e tenta salvar-nos de pestes resistentes e secas extremas. À noite? Pode ser equipado com drones, sensores anti-interferência e plataformas planas para operações militares. Ideal para zonas de difícil acesso, com o mínimo de risco humano.

Plano para o Futuro:

O CEO, Thomas Hubregsten, descreve que não estão a construir apenas um trator melhor, mas sim um paradigma de veículos autónomos. A Voltrac já olha para o horizonte: está a preparar uma nova ronda de investimento, prevista para setembro, com o objetivo de escalar a produção do trator autónomo. O cronograma aponta para as primeiras unidades entregues no início de 2026, consolidando a visão de autonomia inteligente nos campos (ou nos cenários mais extremos) do futuro.

RECOMENDAÇÃO

O que é mais difícil? Pedir aumento salarial ou mais uma fatia de bolo?

Sabes pedir um aumento sem começar a tremer como se fosses a apresentar o IRS em público? Este artigo do Economist  dá-te um guia curto e direto para o que realmente importa quando chegas àquela conversa delicada com o chefe e não basta seres “apaixonado pelo que fazes”.

Fala-se de âncoras salariais, da importância de fazer o trabalho de casa (sim, isso inclui saber quanto ganham os outros) e de como pedir sem parecer um robô de RH. No fundo, negociar bem não é gritar mais alto — é saber jogar com os dados certos, na hora certa.

Porque sim, há coisas piores do que ouvir um “não” — tipo continuares a ganhar o mesmo depois de cinco anos, três promoções informais e aquele PowerPoint que quase te tirou a alma.

ABC DO DINHEIRO
Sanções