MERCADOS FINANCEIROS

Praça do Comércio

A notícia mais importante da semana: o regresso das Tarifas!

Foi bom enquanto durou. Há mais de um mês que o nosso estagiário não tinha de escrever sobre as tarifas de Trump, e não é surpreendente que as bolsas tenham estado ao rubro desde então.

Ora, vejamos o gráfico do índice bolsista norte-americano mais associado às empresas tecnológicas:

Aquela queda a pique ali no final? Foi ontem, após as novas tarifas de Trump - de 100%, que deverão ser aplicadas à China a partir de 1 de novembro. Mas, desta vez, foi a China que “começou” ao anunciar, na quinta-feira, novos controlos às exportações de produtos que contenham terras raras. Relembramos que os Estados Unidos da América não são independentes do resto do mundo no que a matérias-primas diz respeito, sendo que a Casa Branca está, ativamente, a investir em soluções, incluindo na Ucrânia.

Assim, a ofensiva chinesa é clara: as gigantes tecnológicas, as empresas de defesa e a transição energética dependem de matéria-prima oriunda da China. Assim, a indústria norte-americana (e as suas ações nos mercados financeiros) está sujeita à vontade do Partido Comunista Chinês. 

Na sexta-feira, Trump tinha duas opções:

• Negociar, apaziguando a China;

• Atacar, atacar, atacar (com tarifas).

E Trump foi Trump.

Em tempos de caos… o ouro é porto seguro!

A onça de ouro atingiu um novo recorde nesta semana: 4000 dólares! E isto foi antes das novas tarifas. Caos, incerteza geopolítica e o encerramento da Administração norte-americana resultaram numa corrida ao ouro por parte dos investidores.

Entretanto, tanto o petróleo como as criptomoedas colapsaram. 

Será o ciclo de investimentos em Inteligência Artificial, a bolha de que ninguém precisa?

Já escrevemos sobre os investimentos circulares entre a OpenAI, NVIDIA e a Oracle, as três comadres da Inteligência Artificial (IA). Já escrevemos sobre a possibilidade de uma bolha à volta da IA. Agora, até Jeff Bezos e o ECO falam da bolha.

Mas vamos resumir: a OpenAI está no centro de várias negociatas (avaliadas até 1 milhão de milhões) que confundem todos os analistas. No centro deste carrossel de dólares está a NVIDIA, cujos chips, os mais avançados, são essenciais para criar e treinar modelos de IA.

Agora, a AMD (antiga rival da NVIDIA) juntou-se aos negócios com a OpenAI e a NVIDIA deverá investir na xAI de Elon Musk.

Seja bolha ou não, é no melhor dos casos conflito de interesses e no pior dos casos um pacto de suicídio.

Bónus: Ferrari falha no arranque!

As ações da Ferrari ($RACE no NYSE) tiveram o seu pior dia de sempre nesta semana. Isto depois da lendária empresa italiana anunciar que “apenas” alcançará 9 mil milhões de euros de receita em 2030… os investidores esperavam mais. Pior, a empresa reduziu as suas ambições no que a carros elétricos diz respeito (redução de 40 para 20% das vendas previstas em 2030), o que desiludiu ainda mais os investidores, mesmo com a revelação do Ferrari Elettrica.

ECONOMIA

Um orçamento sem o drama dos anteriores

Do excedente orçamental às principais medidas, os nosso estagiários explicam-te tudo sobre o OE 2026.

Chegámos ao zénite do ano político-económico português. Senhoras e senhores, convosco, o ✨ Orçamento do Estado 2026 ✨.

Esta vai ser a terceira vez que a nauta cobre um OE, pelo que a nossa equipa de estagiários não remunerados já está verdadeiramente treinada para te explicar tudo o que este Orçamento contém! Vamos lá.

Vamos começar pelo básico. Quais são as projeções para 2026? 

Estagiários: O Governo prevê manter um saldo orçamental positivo em 2026, com um excedente de 0,1% do PIB, sustentado por um saldo primário de 2,1%, pelo crescimento do emprego, da receita fiscal e pelo impacto dos fundos europeus. Esta projeção prolonga a trajetória de saldos positivos após o excedente de 0,3% previsto para este ano, permitindo cumprir as metas europeias e reduzir a dívida pública.

Para 2026, o Executivo antecipa uma consolidação moderada, com uma política orçamental responsável, centrada no alívio fiscal e no estímulo económico. O OE2026 inclui medidas fiscais para famílias e empresas, com impacto de 4.449 milhões de euros nas contas públicas.

Até agosto, o Governo registou um excedente de cerca de 2 mil milhões de euros, quatro vezes superior ao do ano anterior, resultado do aumento da receita fiscal e do controlo da despesa, especialmente em salários e investimento.

Certo. E a nível de salários e impostos?

E: O OE2026 trará alterações significativas no IRS, salários e pensões, com impacto direto no rendimento das famílias.

Os escalões de IRS serão atualizados em pelo menos 3,51%, com uma redução de 0,3 pontos percentuais nas taxas marginais do 2.º ao 5.º escalão. A dedução específica passa a corresponder a 8,54 vezes o IAS.

O salário mínimo deverá subir 50 euros, para 920 euros brutos mensais, garantindo isenção de IRS para quem aufere até esse valor. O mínimo de existência (14 x IAS) sobe para 12.880 euros, reduzindo a receita fiscal em 85 milhões de euros.

Na Função Pública, a base remuneratória aumentará para 934,99 euros. Os salários sobem 56,58 euros até aos 2.600 euros ou 2,15% acima desse valor, mantendo-se a sujeição a IRS.

Os pensionistas com rendimentos até 1.045 euros terão aumentos acima da inflação; os escalões seguintes terão subidas de 2,11% e 1,86%. Poderá ainda ser atribuído um suplemento extraordinário às pensões mais baixas, e o Complemento Solidário para Idosos sobe 40 euros, para 670 euros.

No ensino superior, o descongelamento das propinas avança: a licenciatura passa a custar até 710 euros (mais 13 euros) e os mestrados também terão atualização.

Foi ainda publicada uma medida excecional para jovens desempregados com menos de 30 anos, que permite acumular parte do subsídio de desemprego ao iniciar um novo emprego: até 35% em contratos sem termo e 25% em contratos a termo, desde que a tempo inteiro e com duração mínima de seis meses. A medida vigora até 30 de junho de 2026.

Passemos à habitação. Onde andam as casas?

E: O pacote para a habitação inclui medidas fiscais ainda sujeitas a aprovação parlamentar, destinadas a promover habitação a preços moderados para a classe média (que já falámos aqui). As rendas serão atualizadas com um aumento de 2,24%. 

Compreendido. E as empresas o que podem esperar? 

E: O Parlamento aprovou na generalidade a descida do IRC para 19% em 2026, com um impacto estimado de 300 milhões de euros. O Governo defende a medida como essencial para reforçar a competitividade e atrair investimento, prevendo também uma redução gradual da taxa aplicada às PME e empresas de média capitalização nos primeiros 50 mil euros de matéria coletável, de 16% para 15%.

E na defesa, jogamos com 3 centrais?

E: Portugal comprometeu-se a atingir os 5% de investimento em Defesa até 2035. O reforço será gradual, com o OE2026 a fixar um mínimo de 2% do PIB, equivalente a cerca de seis mil milhões de euros, dos quais 70% (1,2 mil milhões) serão destinados à compra de bens, equipamentos e infraestruturas.

Ok. Mais alguma coisa interessante?

E: A receita da privatização da TAP foi excluída do OE2026 e do saldo orçamental, sendo tratada como operação patrimonial e não como receita corrente, por ter caráter excecional e não recorrente. 

Paralelamente, o Governo confirmou um reforço de 14,8 milhões de euros do valor destinado à RTP, apesar do valor da contribuição audiovisual (CAV) manter-se inalterado. 

A ACONTECER

😵🎭 Another day in Paris-town - Sébastien Lecornu, primeiro-ministro francês, demitiu-se esta segunda-feira, horas depois de anunciar a composição do governo e menos de um mês depois de ter tomado posse. Mas espera. O ex-primeiro-ministro francês, Sébastien Lecornu, foi nomeado como próximo primeiro-ministro.

🚀🚗 Blitzkrieg em banho-maria - Com a economia próxima da estagnação, o governo alemão liderado por Merz lançou uma reforma de 500 mil milhões de euros em infraestruturas e acelerou os processos de aprovação de investimentos para estimular o crescimento. As previsões indicam um aumento do PIB de 0,2% este ano, 1,3% em 2026 e 1,4% em 2027, com impacto na capacidade da Europa competir com os EUA e a China.

⛪🙏 Habemus finanças - O Papa Leão XIV revogou a lei de 2022 que atribuía ao Instituto para as Obras de Religião (o Banco do Vaticano) a gestão exclusiva dos bens da Santa Sé, permitindo assim que o Vaticano possa recorrer a bancos de outros países. Queres saber mais sobre as finanças do Vaticano? Vê esta edição da nauta. 

CANTINHO DO EMPREENDEDORISMO

🗡👩‍⚕️ Show me the money part 2 - Os funcionários da Sword Health (nauta da semana aqui) venderam 46,5 milhões de euros em ações no segundo evento privado de liquidez, envolvendo 205 atuais e antigos colaboradores. No evento anterior, em junho do ano passado, os trabalhadores portugueses receberam 51 milhões de euros e os dos EUA 40 milhões, totalizando 91 milhões. No conjunto destes e de outros eventos menores, os funcionários já venderam cerca de 200 milhões de dólares em ações. A empresa está atualmente avaliada em 4 mil milhões de dólares.

👌💸 O que é nacional, é bom - O Angels Way, o primeiro fundo comunitário regulado pela CMVM, anunciou investimentos em 3 startups nacionais; CourtMaster, Curiouz e WiseWorld; todas com soluções criativas em IA e foco na internacionalização. Criado em início de 2025 pela Olisipo Way, o fundo reúne 436 pequenos investidores, já financiou sete startups nos primeiros nove meses após avaliar mais de 70 candidaturas e planeia investir um milhão de euros em 20 startups tecnológicas, promovendo o acesso a capital de risco a empreendedores e investidores individuais.

Rapidinhas

🚨 ALERTA NAUTA! 🚨 - Amanhã são as Eleições Autárquicas, que servem para eleger três órgãos distintos do poder local. Cada eleitor recebe três boletins de voto de cores diferentes: o verde afeto à Câmara Municipal, o amarelo à Assembleia Municipal e o branco à Assembleia de Freguesia.

Até março, o Estado recuperou cerca de 408 milhões de euros da garantia de 450 milhões do Banco Privado Português (BPP), prevendo-se que o restante seja saldado ainda este ano. No entanto, parte dos 160 milhões em juros ficará por cobrar. 

Esta segunda-feira, Álvaro Santos Pereira tomou posse como governador do Banco de Portugal, sucedendo a Mário Centeno.

O Ministro da Economia antevê que Portugal atinja a média europeia do PIB em 20 anos, com base nas projeções do Banco de Portugal divulgadas na terça-feira. 

SIUUUUU! Cristiano Ronaldo tornou-se o primeiro jogador de futebol bilionário da história. O Bloomberg Billionaires Index estima o património líquido de CR7 em 1,2 mil milhões de euros. 

A Revolut passou a estar integrada na rede MB Way, pemitindo fazer transferências imediatas pela aplicação. 

A Organização Mundial do Comércio (OMC) estima que o comércio mundial deverá registar um crescimento de 2,4% em 2025.

NAUTA DA SEMANA
Aidvize

A Aidvize prepara-se para levantar uma ronda de 2,5 milhões de euros em 2026 para expandir a sua solução de IA conversacional para e-commerce nos EUA, Europa e América Latina. A startup, que hoje opera com nove colaboradores distribuídos pelos EUA e Europa, quer duplicar a equipa e abrir um hub em Lisboa, para transformar reuniões remotas em almoços com bica e pastel de nata na Brasileira.

🤖 O que é a Aidvize?

A empresa desenvolve demos interativas conduzidas por agentes de IA que falam com os visitantes dos sites como vendedores, mas sem intervalos para café. Estes agentes explicam produtos, esclarecem dúvidas e ajudam as empresas SaaS a qualificar leads mais cedo. Já fizeram mais de 2.000 demonstrações e esperam chegar às 3.000 até ao final de outubro. A solução atrai mais de 380 clientes B2B na Ibéria, Brasil, Reino Unido e EUA, com um crescimento mensal de 12,5% e promessas de até 150% de retorno sobre investimento (ROI),  comparado com contratar um sales rep full-time.

🚀 O futuro

Nos planos para 2025 está atingir as 10.000 demos, expandir para França, Itália e Alemanha e solidificar a presença na América Latina. A Aidvize lançou ainda o Aidvize Live, que mistura IA com interação humana diretamente em videochamada: o melhor dos dois mundos, sem vendedores insistentes. Recentemente, foi selecionada para o Top 100 da Onstage W25, entrando no top 5% entre 1.500 startups.

RECOMENDAÇÃO

Trabalho + subsídio? É possível, jovem!

Como (provavelmente) leste no artigo do Orçamento do Estado de 2026, já sabes que podes acumular parte do subsídio de desemprego com o teu salário, ao iniciares um novo emprego.  Esta nova medida, chamada IRT Jovem, permite que, ao conseguires um emprego antes de acabar o subsídio, recebas 35% do subsídio se tiveres contrato sem termo, ou 25% se for a termo. Claro que nem tudo é festa: o contrato tem de ser válido, ter duração mínima, ser “novo contrato”, e a medida só dura até ao remanescente do subsídio ou até ao fim do contrato. Se já pensaste “mas então vou trabalhar e ainda recebo subsídio?”, este artigo é leitura obrigatória,  porque sim, há luz no fim do túnel.

ABC DO DINHEIRO
Retorno do Investimento